Pesadelo sem fim

 

Fico me perguntando por que Bolsonaro persegue tanto o estado de sítio, autogolpe ou seja lá o que for? É inacreditável que um presidente que coleciona erros como ele consiga se manter no poder, mesmo que a cada dia apronte uma sandice pior que a outra. É espantoso como os jornalistas se vejam obrigados a explicar seu comportamento infantil, como se estivessem ensinando o beabá às crianças – no caso, o presidente, sua família e seguidores.

Como um moleque birrento, ele afastou colaboradores que ousaram afrontar seus desejos. Foi assim com o ministro Fernando Azevedo Lima, respeitado general, com todas as saias justas que seu viu obrigado a passar – como sobrevoar com o presidente  uma manifestação antidemocrática. Ou com José Levi, que se negou a assinar o pedido para interditar o isolamento proposto pelos governadores junto ao STF. O que levaria um presidente, sem iniciativa para assumir a liderança nacional no combate à pandemia, culpar quem ousou fazê-lo?

Sabemos que ele corta um dobrado para proteger a prole de seus ilícitos. Rachadinhas, favorecimentos, tentativas de mandar onde não são chamados. Tem absurdo para todo gosto. E a certeza de impunidade é tanta que Flávio, o mais enrolado, com funcionários fantasmas e envolvimento com milicianos, ainda compra uma mansão de R$ 6 milhões em bairro nobre de Brasília. Como eles poderiam falar algo de Lula pelo triplex do Guarujá ou o sítio em Atibaia?

Sabemos que Bolsonaro se sente encurralado. Na prática, por seus próprios erros. Como alguém em sã consciência pode desmoralizar a vacinação, sabotar o isolamento e fazer propaganda de um remédio ineficaz? É para impor suas políticas descabidas que ele quer controlar todo o aparato policial e as milícias? Para perseguir seus inimigos e continuar a errar ilimitadamente?

Ou será o pavor de ver a volta de Lula ao cenário político? E continuar a fazer o oposto do que propôs em campanha, ao abandonar a bandeira da corrupção e apelar para as alianças espúrias pela governabilidade tão criticadas por ele?

Ontem mesmo houve mais uma tentativa: o deputado aliado, Vitor Hugo (PSL), tentou, sem sucesso, a decretação de Mobilização Nacional, que daria plenos poderes ao Executivo. Eu mesma 'caí' em um fake áudio, agora vejo, produzido por radicais bolsomínions, onde Braga Netto dizia estarmos em guerra e que o vírus foi criado em laboratórios chineses. 

Nossa sorte é que, mesmo surfando na onda do poder, os generais não topam bancar as loucuras do chefe. O Centrão, por sua vez, vai cobrar cada vez mais caro pelo suporte a um presidente enfraquecido. Grande parte do empresariado já pulou fora. O que falta para acabar de vez com esse pesadelo?