Tempos sinistros
Era um
domingo quente como outro qualquer. Já tinha almoçado, relaxada, após bebericar a
indispensável dose etílica que acompanha as refeições de fim de semana. Quando recebi a mensagem. Vinha de um jornalista que mal conheço, com quem já
havia trocado farpas políticas dias atrás. Ele dizia se surpreender como uma
jornalista com minha história passou a fazer propaganda antibolsonarista.
Costumo evitar postagens em grupos frequentados por essa turma, porém, sempre
aparece algum desgarrado.
Dei uma resposta azeda: “Não entendo como você se atolou nesse lamaçal”, distante do meu perfil cordato. Pois bem, nesse tal domingo ele me mandou uma mensagem que mencionava a espirulina. Gelei. Tinha escrito uma reportagem para o site em que colaboro falando das propriedades e benefícios dessa alga, que só seria publicada no dia seguinte. Minha interpretação foi instantânea: é um aviso. Lembrei dos dias de chumbo, quando trabalhava no Jornal do Brasil, em que colegas eram ameaçados e alguns, como Vladimir Herzog, morreram sob tortura nos porões da ditadura.
Comecei a
programar mudanças de rotina. Sempre fui madrugadora, amante da natureza, praticante de corridas e caminhadas mal o sol começa a nascer. Em tempos de
pandemia o hábito ajuda, porque são raras as pessoas na rua na madruga. Por sua vez, a exposição aos riscos – no caso, de violência
física - podem ser maiores.
Bloqueei a
tal criatura e busquei amizades em comum para me informar melhor sobre ele.
Achei uma amiga, ex-colega de JB e tentei contato, só conseguido na noite da segunda-feira seguinte. Contei a história e o
desfecho não poderia ser melhor. Ela também recebera a mesma mensagem –
que sequer tive coragem de abrir. O jornalista virara vendedor de espirulina. Ufa! Que alívio!
Essa
história, hoje cômica, aconteceu no mês passado. Resolvi contá-la após ler a
coluna de Ruth de Aquino no Globo, ela sim, alvo de um atentado em seu
apartamento. Algum vizinho emporcalhou sua varanda com uma tinta azul, cara e
pegajosa, e a inevitável conclusão foi de se tratar de uma ameaça de algum bolsominion da
vizinhança.
Moral da
história: na visão bolsonarista, adversários políticos são inimigos que precisam ser abatidos. Voltamos a tempos sombrios, com recados sinistros da extrema direita –
como o gesto de Filipe Martins ou a sigla mencionada por Ernesto Araújo no Senado – violenta e antidemocrática.
Já fui alertada por amigos, porque não dei e ainda resisto a dar a importância aos extremistas. Como vc disse, agem na surdina, se reconhecem por gestos desenterrados dos calabouços. E quando desmascarados são como ratazanas acuadas, quando não conseguem fugir, partem para o ataque.
ResponderExcluirÉ Liliana, uma praga que nos abateu
ResponderExcluirLetícia Ortiz
ResponderExcluirTriste Celina Côrtes .
· Responder · 14 h
Maria De Lourdes Carneiro da Silva
Quando esse vagabundos desse governo inteirinho estiverem na cadeia, vamos ter o nosso país de volta!
· Responder · 14 h
Mariana Coradi Carlos
Tempos sombrios esses que estamos vivendo.😞
· Responder · 14 h
Maristane Lopes Ribeiro
Todo cuidado é pouco, meninas!
· Responder · 13 h
Graciene Alves
Isso vai passar! Torres altas desabam e o estrago é bem maior! Esperamos dias normais!
· Responder · 13 h
Cleusa Barbosa
Trevas...
· Responder · 13 h
Maria Luiza Bueno
#Fora Bolsonaro 😡
· Responder · 13 h
Fatima Lima
Quero o nosso país de volta...
Não podemos sobreviver na ponta da navalha...
Tempos sombrios e preocupantes!!
· Responder · 13 h
Ana Lucia Pinto Goes
Fatima Lima e DOLOROSOS.
· Responder · 12 h
Claudia Reis
#ForaBolsonaroeSuaQuadrilha
· Responder · 13 h
Shirley Santaniello de Almeida
#ForaBolsonaroUrgente