Três anos depois, Marielle vive!
Mais um ano se
passou. Ontem fizeram 1.095 dias sem que saibamos quem foram os
mandantes ou o que motivou o assassinato de Marielle Franco e de Anderson Gomes. Nova placa homenageou a vereadora nesse domingo, contudo, o máximo avanço da força tarefa do MP responsável pelo caso foi a
abertura de acesso ao Facebook.
Já a desembargadora Marília de Castro Neves Vieira, que mentiu ao ligar a vereadora do PSOL ao tráfico de drogas, foi absolvida pelo STJ - o mesmo tribunal que cancelou o processo das rachadinhas do 01 - no início de março. Além disso, Talíria Petrone, amiga de Marielle, a mais votada vereadora em Niterói pelo mesmo partido, em 2016, teve de se mudar da cidade, após sofrer ameaças.
Sabe-se que nada vai acontecer enquanto continuarmos a ser governados por milicianos, vizinhos do ex-policial Ronnie Lessa, preso como suspeito de participar do crime. É gente misógina que, ainda por cima, cultua a morte e se lixa para os direitos humanos.
Me aproximei quando pedi a Marielle que ela fizesse, poucos dias antes do crime, um artigo sobre a intervenção Federal no Rio durante o governo Temer, que escancarou as portas ao Exército no governo Bolsonaro. “Últimas palavras” foi o artigo que ocupou a primeira página do Jornal do Brasil em seguida à morte. Era o único veículo de comunicação a publicar um texto da deputada naquele trágico momento.
Nada, porém, avançou. Dois ex-policiais estão presos aguardando julgamento, enquanto a
importância da mulher se agiganta como um símbolo da esquerda à direita, fonte de
inspiração para mulheres negras, ativistas sociais, moradoras de favela,
mães e bissexuais, como ela.
Nesses três anos a
Anistia Internacional reuniu mais de um milhão de assinaturas, de 46 países,
clamando por conclusões, “para que o Estado demonstre que violações e ataques contra defensoras e
defensores não são toleráveis e serão punidos.” Prossegue o documento: “Combater a impunidade é importante para assegurar proteção e justiça para
as centenas de defensoras de direitos humanos que colocam em risco suas vidas
para que nós e nossas futuras gerações possamos viver em um mundo mais digno.”
Marielle virou nome de
jardim em Paris, nomeou estação de metrô e da rua em frente à sede do governo,
em Buenos Aires. Sua memória continua a mobilizar o mundo a cada efeméride de sua
partida. A Open Fundation, as fundações Ford e Kellogg se aliaram ao instituto
brasileiro Ibirapitanga para investir US$ 10 milhões nos próximos quatro anos
na formação de mulheres negras e em organizações de ativismo social. Marielle
vive!!!
Em Portugal é também nome de rua. Enquanto o clã miliciano estiver no governo só os envolvidos e com certeza quem investigou que tem de ficar de boca calada, ou morre.
ResponderExcluirSerá que um dia saberemos?
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