Mais votos, mais mortes
Quando se vê o caminhão de som na manifestação
bolsonarista com a faixa “Não é pandemia, é comunismo”, se entende por que chegamos onde chegamos. O especialista Osvaldo Carvalho, físico e doutor em Ciência da Computação
pela universidade francesa Marie Curie, comprova que a Covid-19 mata mais onde Bolsonaro foi mais votado.
Carvalho dividiu os municípios brasileiros em 17 (voto no
presidente) e 13 (voto em Haddad). “A taxa17 é 54% maior que a taxa13, e a
diferença entre o número de mortes pelas duas taxas chega a 90.000””,
contabiliza, no site Colabora.
Quatro pesquisadores do Instituto de Estudos para Políticas
de Saúde (Ieps) chegaram a conclusão semelhante: os óbitos aumentam mais nos
estados e municípios que mais votaram em Bolsonaro em 2018. Não por acaso, são os que praticam o menor distanciamento social.
Um terceiro trabalho, “Os municípios diante da covid-19 no Brasil: vulnerabilidades socioeconômicas, mecanismos de transmissão e políticas públicas”, publicado no fim do ano passado, vai na mesma linha.
Resultado de pesquisas de
especialistas brasileiros e franceses, entre eles João Saboia, do Instituto de
Economia da UFRJ, também atribui mais danos da Covid-19 aos municípios
mais favoráveis a Bolsonaro.
“O discurso e as atitudes ambíguas do presidente
podem induzir seus apoiadores a adotar mais comportamentos de risco (menos
respeito às orientações para o confinamento e o uso de máscara) e a sofrerem as
consequências disso”, aponta Saboia, que cunhou, junto aos colegas de trabalho,
o conceito “Efeito Bolsonaro”.
Os bairros do Rio de Janeiro, berço eleitoral do
presidente, também sentem esse tal “efeito”. Das três regiões analisadas por um
exercício de jornalismo que combinou resultados eleitorais nos bairros aos
casos confirmados de óbitos por Covid, também endossam as três teses mencionadas
acima.
Das três regiões analisadas – duas na Zona Oeste e
uma em ampla extensão da Zona Norte –, que somam as maiores taxas de
letalidade pela doença, não por acaso, concentram as maiores votações em Bolsonaro
no segundo turno de 2018.
E, para arrematar, dados da Universidade Johns Hopkins mostram que o Brasil superou a Itália em óbitos por Covid por 100 mil habitantes: chegamos a 206,47 mortos, contra os 205,91 dos italianos.
Que a CPI ajude a trazer luz a essa morbidez que infesta o Brasil.
Aqui acho análises claras e diretas, parabéns.
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