Reféns da famiglia

 

O país continua a aturar as artimanhas desse governo nepotista, feito a quatro mãos. Acabamos de saber pela CPI que Carlos, o 02, foi alçado a especialista em saúde, ao participar da reunião com o CEO da Pfizer (junto a outros dois especialistas, Filipe Martins e Wajngarten). 

E agora Flávio, o 01, cansou da brincadeira. Após anos de prática da rachadinha, que empregou familiares de milicianos, seu advogado pede ao STF para arquivar o incômodo caso. 

Isso depois de tentar salvar a pele do festival de mentiras de Wajngarten na CPI, em jogada ensaiada para denegrir o relator que – como bem disse André Trigueiro – deu margem à briga do jacaré com o crocodilo. 

É pena, por sinal, o nome sujo de Renan que, apesar de se mostrar eficiente no cargo que exerce, pode não inspirar muita confiança.

Além das 21 razões que citei aqui sábado para não votar em Bolsonaro em 2022, aprofundo aqui a 22ª, que não cheguei a mencionar. Creio que vivemos uma situação inédita na história brasileira, em que os filhos de um despreparado, tão despreparados quanto o pai, mandam no país como se para isso tivessem alguma autoridade.

E todos engolimos esse sapo, como se normal fosse.

Na semana passada, ficaram claras as causas da mudança de postura do presidente, então adocicado desde que a CPI tornou-se inevitável, quando deu um de seus cavalos de pau e resolveu mandar a China para o quinto dos infernos, com a covardia, ou a esperteza, de não citar nominalmente o país, embora os óbvios indícios fossem evidentes.

Não por acaso, o vereador carioca havia pegado o avião para Brasília para segurar a onda do pai. Deu no que deu.

E pode ter sido um golpe de mestre para as pretensões de Bolsonaro, entre as quais nunca está incluída a saúde dos brasileiros – será que a CPI terá os elementos necessários para confirmar tudo o que vemos a olhos nus? 

Ao atacar a China, ele conseguiu suspender o envio do IFA ao Butantan, que já se viu obrigado a interromper a produção daquele que tem sido o principal imunizante do país.

O ataque era amparado pelo recente acordo fechado com a Pfizer. Moral da história: a vacina do Dória vai para o espaço, enquanto o governo federal assume o papel de salvador da pátria, ignorado nas seis tentativas anteriores de acordo, conforme revelou o representante da empresa na CPI. 

Pelo menos, para nossa sorte, Eduardo, o 03, quase embaixador do Brasil nos EUA, anda recolhido à sua insignificância.    

Quer dizer, temos um presidente abaixo da crítica, assessorado por três filhos abaixo da crítica. Estamos mesmo lascados.