Só uma frente pode deter Bolsonaro

 A ameaça de reeleição de Bolsonaro paira sobre nossas cabeças. Mesmo que ele já não seja o mesmo de 2018 e tenha se enfraquecido pelo seu péssimo governo, só a reunião de todos os candidatos de oposição seria capaz de fazer frente a um segundo mandato. 

Essa é a opinião do cientista político Sérgio Abranches, que cunhou a expressão presidencialismo de coalizão, hoje inviabilizado pela pulverização partidária.

“A ameaça de um segundo mandato de Bolsonaro se assenta na falta de visão estratégica da esquerda e do centro no país. A possibilidade de reeleição é remota, mas pode acontecer com ajuda dos outros.

Se isso ocorrer, a democracia ficará profundamente ameaçada". E ele explica por quê: "Em geral, o segundo mandato de autocratas é de gestão autoritária. Está nas nossas mãos derrotar Bolsonaro. É preciso um certo esforço, mas não é difícil”, defende, no Canal Meio.

 Abranches vê com preocupação o que chama de “escalada de projeto autoritário”, se não houver reação das instituições. "Domingo tivemos uma parada com todo o gestual neofacista”, cita. 

Para ele, a participação do general Pazuello no evento era um teste aos limites do Exército. “Bolsonaro já capturou a PGR, a PF e parte do judiciário, sobretudo o STJ. O que ainda nos resta é o STF”, constata.

O cientista atribui a inação ao festival de mentiras na CPI da Pandemia à “falta de fibra e virulência da oposição”, que considera "muito cautelosa." “Na Câmara, eles sabem que o relatório vai ser aprovado porque têm maioria, porém, no Senado, acho que o Rodrigo Pacheco faz um jogo bolsonarista meio disfarçado", supõe.

Sua expectativa é de que a sequência de mentiras seja revelada pelo relatório. “Também é possível que o relator abra processos por falso testemunho”, prevê. 

“As garras não estão expostas, mas a CPI ainda pode arranhar a popularidade de Bolsonaro e a impunidade desses mentirosos.”

Abranches não vê a possibilidade de criação de uma frente de centro. “Seria mais difícil do que uma frente de esquerda, e isso pode levar Bolsonaro ao segundo turno”, avalia. “O presidente poderia ser vencido no primeiro turno se houvesse uma aliança dos democratas contra ele, do centro à esquerda.”

Portanto, emoções hediondas podem nos aguardar se a oposição se mantiver dividida. É hora de deixar o ego de lado e ir à luta para trazer o Brasil de volta à berlinda!