Um Exército para chamar de meu

 


Aquele velho estilho olavista de ser, de fazer barulho para disfarçar a queda de popularidade e os infortúnios da CPI da Pandemia, entrou em cena desde domingo, quando Bolsonaro promoveu a fascista motociata e trouxe Pazuello ao picadeiro.

Esse último detalhe, conforme defende Pedro Dória no Canal Meio, é um claro sintoma das intenções golpistas do chefe.

O artigo 45 da lei 6.880 de 1980, que define o Estatuto dos Militares, proíbe a participação de integrantes da corporação em manifestações sobre atos de superiores, de caráter reivindicatório ou político.

Já o decreto 57 da era FHC diz que um militar da ativa não pode se manifestar publicamente sobre assuntos político-partidários sem autorização de superiores. Como se sabe, Pazuello não estava autorizado.

As regras se explicam: as Forças Armadas detêm o maior poder letal, para defender o país de agressões externas. Militares não podem se meter em política porque têm as armas. A natureza da política é conversar, e a das armas, calar a conversa e intimidar. 

“Se o quartel se manifesta politicamente a democracia fica ameaçada”, sustenta Dória.

Domingo, Bolsonaro infringiu a lei ao dar uma ordem ilegal, obedecida por Pazuello. O Alto Comando, integrado por 15 generais de quatro estrelas, acima de um general de divisão de três estrelas como ele, tem a obrigação legal de punir o subordinado. Chegou a se falar em uma nota pública de punição, depois desautorizada pelo presidente.  

Há pouco mais de um mês Bolsonaro fez outra forte provocação aos generais ao demitir o ministro da Defesa, que não concorda em afastar o então ministro do Exército, o general Pujol. Os comandantes das três forças entregaram o boné e uma forte crise se instalou. Parou por ai. 

A não ser por Bolsonaro não perder uma formatura de praças, baixos oficiais e policiais militares. “É para dar um golpe de estado e se manter no poder”, no entendimento de Dória.

Portanto, pode haver algo além daquela habitual cortina de fumaça, tão familiar ao país nessa nefasta gestão. O presidente intimida o Alto Comando a não punir ou a punir brandamente Pazuello. Mensagem: se um general pode, um coronel, um major e um capitão também podem.

É, portanto, a estratégia do presidente para quebrar a espinha dorsal do Exército. E assim chamá-lo de seu. Como já são a PGR, a Abin, alguns ministros e parte da PF. 

Quem sabe até Bolsonaro já negociou um prêmio de consolação para Pazuello pela conivência em seu futuro governo...

PS: Que o Fora Bolsonaro de hoje seja um sucesso retumbante em todo o Brasil!

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