O maior medo de Bolsonaro

 

Dizem que o maior medo de Bolsonaro são as possíveis consequências da crise hídrica para seu governo. Ontem, porém, a colunista Rosângela Bittar revelou no Estadão qual o principal temor do presidente.

A origem do sentimento tem a ver com a queda de mais um apoiador no cenário internacional, Benjamin Netanyahu, que deixou o poder essa semana após 12 anos no cargo de premiê de Israel. Através do embaixador do Brasil em Israel, Paulo César Vasconcellos, o ex-primeiro ministro mandou o seguinte recado a Bolsonaro: o presidente corre risco real de ser investigado pelo Tribunal Penal Internacional, em Haia. 

E daí? Se não for reeleito e perder a imunidade, são grandes as chances do presidente ir parar atrás das grades. Seus arroubos de autoconfiança, do tipo “sou imorrível, imbroxável e incomível”, na realidade, são tentativas de esconder algo incompatível com seu machismo: o medo de ir em cana.  

Nessa toada, ele garante a realização no Brasil da Copa América, já com 52 contaminados. Desfila de moto à la Mussolini com 12 mil celerados que dizem ser 1,3 milhão, e na verdade foram 6,6 mil, põe as Forças Armadas de joelhos com o perdão a Pazuello e veta o ‘passaporte de imunidade”, para não tornar a vacinação, que ele tanto atacou, obrigatória. E entre os resultados de seu governo, vamos chegar a 500 mil mortos pela pandemia, descontrole da inflação, desemprego, desmonte da Cultura e da Educação e florestas devastadas.

Aparentemente, tudo isso pode ser fichinha diante das denúncias que chegam ao Tribunal de Haia de crimes contra a humanidade, assinadas por associações de advogados de Direitos Humanos ONGs e pelo cacique Raoni, 91 anos, símbolo mundial dos povos da floresta.  

 

Os documentos diplomáticos sobre a denúncia em relação aos povos indígenas chegaram também à CPI da Covid, cujo relatório deverá reforçar a culpa do presidente em transgressões ao direito à vida no Tribunal de Haia. E, como se sabe, a proteção de Trump, se é que havia alguma, já era.

Por hora, Bolsonaro se escuda no PGR, no presidente da Câmara, na Abin, em parte da PF, nas benesses do orçamento paralelo e no aparelhamento das polícias militares e baixo oficialato. O cerco, contudo, se fecha.