Hora de ir para a rua!

“Um homem sem juízo e sem noção/ não pode governar essa nação”, é o refrão de “Desgoverno” (de Zeca Baleeiro e Joãozinho Gomes), reagge que vai embalar o Fora Bolsonaro deste sábado 24.  Se os mais de 540 mil mortos fossem enfileirados, formariam uma distância de uma vez e meia entre a Terra e a Lua. O Brasil tem um remédio para estancar o morticínio: Impeachment já!, propõe a canção.

Estarei lá (todos mascarados e munidos de álcool gel) e espero ser parte de uma multidão. No Rio, o encontro continua a ser no Monumento de Zumbi (Av. Presidente Vargas), a partir das 10h (pena que os organizadores não transfiram o ato para a Candelária, um ponto de partida mais aglutinador em direção à Cinelândia).

Dia 12 de setembro será a vez dos movimentos de direita MBL e Vem Pra Rua, os mesmos que ajudaram a derrubar Dilma Roussef. Pena também que esquerda e direita não se casem, em nome do impacto provocado pelo volume de gente que não aguenta mais esse (des) governo. Talvez mais adiante.

Isso posto, sabe-se que, salvo algum fato gravíssimo, as condições para o impeachment são o povo na rua, a queda de popularidade e a perda de sustentação parlamentar. O primeiro item toma corpo, o segundo se manifesta gradativamente nas pesquisas de opinião, e o terceiro?

Bolsonaro acena com a mini reforma ministerial com dois objetivos básicos: blindá-lo contra o impeachment e viabilizar a governabilidade, com o empoderamento do Centrão e ênfase no PP. Na balança do poder entre militares e esse grupo, sobe o segundo. O presidente agora prioriza a política às armas.

Fora os celerados seguidores, ninguém suporta mais o capitão. Contudo, a questão é a seguinte: a cada dia fica mais claro que Bolsonaro foi o testa de ferro que os militares encontraram para voltar ao poder sem golpe (o 'idiota útil'). E óbvio que eles estão degustando os salários milionários, mimos e privilégios e não vão querer largar a rapadura.

Tanto assim que Braga Netto desdisse o que afirmou ao Estadão: não haverá pleito se o voto for eletrônico. Não por acaso, o aviso veio quando aumenta o envolvimento de militares com as falcatruas das vacinas reveladas pela CPI.  

O afastamento de Bolsonaro – a não ser que seja da chapa – alça Hamilton Mourão à presidência. E, para chegar ao cargo, é vital que o vice assuma o compromisso de um mandato tampão, que passe a bola ao vencedor (a) em 2022.