A fonte do caos

 

Vivemos num país em permanente sobressalto. Causas? As ameaças da variante Delta, a crise hídrica com efeitos devastadores ao fornecimento e custo de energia, o desemprego, a fome, a volta da inflação, a desvalorização da moeda, o desmatamento que piora o aquecimento global? 

Não. O caos se chama Jair Bolsonaro.

Custei a crer nas reações do capitão à Covid-19, sabotando o isolamento social, o uso de máscaras - como volta a fazer - e a vacinação já largamente consagrados pela Ciência, além de disseminar remédios sem nenhuma eficácia contra a doença. O que poderia querer esse desajustado?

Assim como agora, em que ameaça o país com invasões armadas ao STF e ao Congresso no 7 de setembro, é mais uma cartada para manter o apoio dos 30% de celerados. E ainda manda essa turba comprar fuzis. 

Malu Gaspar antecipou o carnaval que se anuncia, com o crescimento de 1000% na compra de uniformes militares. Serão civis fantasiados, para forjar o tom fardado do ato, o que especialistas já chamam de "deep fake news".

Mais do que isso. Antecipa a provável reação de quando perder as eleições de 2022. Quem sabe ele consegue realizar seu objetivo de provocar tal quebra-quebra que se torne inevitável a decretação do estádio de sítio?

O presidente do Senado reagiu com rapidez à crescente fervura, ao negar o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Não deu tempo para o combustível promover o deletério efeito desejado pelo presidente.

Quando o comandante do Exército discursa em favor da liberdade, da paz, da democracia e respeito à Constituição, ao mesmo tempo em que traz alívio, mostra que há algo de errado. Como se não fosse o que se esperava da instituição e, por isso, a fala merecesse algum destaque.

Nessa hora em que deveríamos estar reunindo os escombros resultados da pandemia e partir para o que virá depois, nos defendemos de um possível futuro sinistro, se não vier a reação à altura da sociedade e das instituições.

Ao que parece, generais palacianos estão com Bolsonaro na ideia de ver o circo pegar fogo. Setores da PM e do médio oficialato, idem. Assim como o Centrão, ainda mais crente nas vantagens adquiridas do que no risco de perdê-las. É a banalização do mal.

E nós, grande maioria da população que não votamos no déspota e não temos nada a ver com isso, fazemos o quê? Quem vai calar esse arruaceiro antes que seja tarde?