A fórmula do ódio & algoritmos

 

Não conseguia entender a associação feita por Bolsonaro entre a vacina contra a Covid e a Aids. O colunista Merval Pereira, porém, matou a charada com as teses do politólogo italiano Giuliano da Empoli (foto).

O professor de Siences Po, em Paris, líder do think thank Volta, de Milão, e autor de "Os engenheiros do Caos" (Editora Vestígio), analisou no Le Monde o novo fenômeno da extrema direita francesa, Éric Zemmour.

Enquanto viemos com a farinha, eles já vêm com o pão. O objetivo dos novos líderes populistas é excitar as paixões de pequenos grupos, o que vai de encontro às denúncias de uma ex-funcionária do Facebook, sobre a provocação dos usuários da plataforma com reações emocionais e polêmicas.

Para da Empoli, o ódio e os algoritmos são uma mistura explosiva na política atual. Não se trata de buscar um denominador comum no eleitorado. A convergência não virá do centro, e sim da inflamação dos extremos.

Ele sabe que em certos momentos históricos, como o que vivemos hoje, as minorias intolerantes prevalecem. O que também ajuda a entender a resiliência desses 30% de seguidores de Bolsonaro, alimentados pelo ódio incessantemente expelido pelas redes do clã.

Assim, cada vez que um líder extremista provoca um escândalo com informações polêmicas – como a associação da vacina à Aids -, mobiliza seu núcleo duro de apoiadores e comunica-se com outros extremistas em efeito cascata.

O pior é que, conforme de Empoli, tanto os oposicionistas quanto a mídia e a blogueira que vos fala estimulam o processo ao falar dele. É o falem mal mas falem de mim.

Quanto mais indignadas as reações, mais o político se associa à imagem de antissistema. Se o que diz provoca ódio no establishment, o certo, então, passa a ser ele.

Por essas e outras, como diz a colunista Malu Gaspar, Bolsonaro está longe de ser um cachorro morto. Como se sabe, Augusto Aras já ensaia o enterro do relatório da CPI da Covid, assim como Arthur Lira.

O TSE, por sua vez, arquivou o pedido de cassação da chapa Bolsonaro-Mourão; Nunes Marques reconduziu ao cargo o conselheiro Domingos Brazão, o banqueiro André Esteves disse que basta o presidente calar a boca para ser o favorito.

E mais: Ciro Nogueira e Valdemar Costa Neto ensaiam fundir o PP e o PL para receber o presidente de braços abertos.

Quando os 70% vão baixar o salto alto e se unir para barrar de vez essa ameaça?

Comentários

  1. Maria Christina Monteiro de Castro
    Querida repórter aguda: li também a coluna e também me impressionei com a análise da Malu Gaspar. Muuuito sagaz (é com z, né?): o pessoal não tá percebendo isto não. E a polarização excessiva só "excita" o eleitor. Amei suas observações

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    Respostas
    1. Celina Côrtes
      Maria Christina Monteiro de Castro Obrigada...perigo à vista!

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  2. Arnaldo Moreira
    EDITOR do Blog Arnaldo Moreira e do canal Blog do Arnaldo Moreira no YouTube.
    4 h
    É isso exatamente.

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