Desembarque do mercado: para valer?
Mais uma vez estamos diante de uma situação com potencial de debandada. Quando
saiu Mandetta, em meio ao auge da pandemia, a terra tremeu, com a sequência de
óbitos em progressão geométrica pela Covid-19.
Depois foi Sérgio Moro, o paladino da luta contra a corrupção, um tanto ao
quanto duvidoso ao aceitar compor no governo que ajudou a eleger, por decretar a
prisão de Lula.
Na medida em que a Economia começou a despencar, e após a revelação da
offshore de Paulo Guedes em paraíso fiscal, pensou-se que tinha chegado a vez do
Posto Ipiranga cair.
Curiosa, contudo, é a tolerância do mercado financeiro. Assistiu
calado ao descontrole do governo com a pandemia, à destruição de nossos biomas, da Cultura e da Educação, à volta da inflação, à fome e desemprego crescentes.
Isso por acreditar que, apesar do desastre na Economia, era melhor com
Guedes do que sem ele. Só que antes do ministro furar o teto de gastos.
Para o professor da FGV, Mauro Rochlin, vai ser difícil o mercado “voltar
a acreditar que o governo tem qualquer tipo de compromisso com a austeridade
fiscal”, defende, na CNN.
O jornalista Ricardo Noblat vai além:
“Se for sincera a revolta dos donos do dinheiro com o rompimento do teto
de gastos, pode se alimentar a esperança de que o Congresso não se curve à vontade do governo. Há como aprovar o auxílio emergencial sem
derrubar o teto.”
Para Noblat, a prorrogação do auxílio é pretexto para “meter a mão em
bilhões de reais que lhe permitirão comprar mais quatro anos de mandato”.
Ontem, segundo o Globo, por sinal, metade do novo auxílio irá para o Nordeste.
Não por ser a região mais fragilizada e que concentra mais pobres, e sim por ser onde o presidente
tem menos eleitores.
Como se sabe, Bolsonaro não poupará esforços para as eleições que podem
livrá-lo da cadeia.
Chegou ao cúmulo de inaugurar um sistema de
abastecimento de água em Sertânia (PE), cujas obras foram interrompidas pelo
veto de R$ 161 milhões do próprio Bolsonaro, deixando na mão 2 milhões de
pessoas em 68 cidades.
Será que dessa vez o desembarque do mercado vai ser mesmo para valer e é verdade o veredicto de que o governo acabou?
Já não sei mais nada.
ResponderExcluirJá sinto um clima de espanar a poeira do ar...
ExcluirSílvio Júnior
ResponderExcluirO mercado tem uma estranha e criminosa tolerância com este criminoso. Creio que isso não irá mudar tão cedo. Falta escrúpulos a todos.