Presidente cercado de mágoas

 

Roberto Jefferson, como se sabe, é o mais novo nome da lista de desafetos de Bolsonaro. Abandonado pelo antigo aliado, o ex-presidente do PTB joga cobras e lagartos sobre o presidente, e ameaça levar denúncias ao STF.

“Ele foi cercado por figuras do Centrão, que o fizeram capitular frente os rosnados das bestas famintas do dinheiro púbico”, “Quem anda com lobo, lobo virou, lobo é”, são alguns dos impropérios do agora indignado Jefferson.

Na semana passada, outro fantasma voltou a ser revirado por outro ex-aliado, Paulo Marinho, suplente do senador Flávio Bolsonaro, quando o presidente interrompeu a entrevista a seu filho, na rádio chapa branca Jovem Pan.

Marinho voltou a sacar a ameaça do celular de outro ex-aliado também jogado às traças pelo presidente, Gustavo Bebianno, braço direito na campanha eleitoral que morreu precocemente de infarto, aos 56 anos, em março de 2020.

Após a morte de Bebianno, pairava no ar a ameaça das revelações contidas em seu celular, até segunda ordem, destruído pela viúva. Assim como na denúncia sobre a Covaxin levada a Bolsonaro pelos irmãos Miranda, também ex-aliados, não se sabe se a prova do crime ainda existe.

A lista é grande. Outro que virou de lado foi o general Santos Cruz, hoje uma ativa voz de oposição, após ser rechaçado do cargo de ministro em chefe da Secretaria de Governo.

Candidatos à eterna mágoa são também o musculoso deputado Daniel Silveira, que o aliado não conseguiu tirar de trás das grades, embora receba R$ 1 milhão de salário e cotas, mesmo preso; Allan dos Santos, blogueiro com ordem de prisão com aluguel que seria pago por Eduardo, o 03.

E ainda Zé Trovão, o caminhoneiro que conseguiu voltar ao Brasil do México e despistar a PF até se entregar.

Reações de quem apostou nas lorotas do capitão e não teve outra alternativa senão se virar contra ele. Após o mito mostrar que solidariedade não está entre seus predicados, como se viu com os mais de 600 mil mortos pela Covid-19.

Alguns, como Jefferson, são um poço de mágoas – até rima ele fez em sua carta, “7 de setembro é um dia inacabado, o povo foi ludibriado”. Afinal, venderam a alma ao diabo que simplesmente lhes deu as costas.

Sabiam onde estavam se metendo e apostaram no risco. Até começarem a perder as vantagens adquiridas.

E assim será com todos os que não se ajoelharem aos caprichos do mito. 

Só não podem dizer que não foi por falta de aviso...