Justiça seletiva

 
Amanhã, a segunda turma do STF julga se o caso das rachadinhas que envolveu o então deputado Flávio Bolsonaro aconteceram de fato ou se não passaram de mera ficção, digna do esquecimento.

O julgamento atende ao pedido da defesa do 01, ou seja, no que depender da habilidade dos advogados, tudo não passou de intriga da oposição. E ainda dizem que a Justiça é cega...

Não, Flávio não usufruiu do esquema armado por Fabrício de Queiroz, que recolhia a maior parte dos salários dos assessores do então deputado na Alerj e a devolvia ao primogênito de Bolsonaro, em depósitos ou em dinheiro vivo, conforme demonstraram as operações flagradas pelo Coaf.

E foram testemunhadas por ex-assessores do deputado, como Luiza Souza Paz, que entregou todo o esquema, pelo qual ficou apenas com R$ 800 dos R$ 4 mil que recebeu. Sem falar nos famosos R$ 89 mil depositados por Queiroz na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. 

Alto lá, o Coaf ultrapassou fronteiras proibidas ao exibir, com números concretos, como o esquema acontecia. E, sob o pretexto de ser o modus operandi de parlamentares que se prezam, como David Alcolumbre, configurou-se uma perseguição ao filho do presidente que precisa ser contida.

Gilmar Mendes liberou para julgamento as ações que podem encerrar toda essa heresia. De uma vez por todas.

O pedido da defesa é para que o caso seja devolvido à primeira instância e todas as supostas irregularidades da ação do MP-RJ contra Flávio voltem para onde nunca deveriam ter saído: o esquecimento eterno.

Na ação, que segue sob sigilo – quem suportaria acompanhar toda essa podridão à luz do dia? – o MP-RJ teve a petulância de questionar decisão do TJ fluminense que concedeu a Flávio foro permanente, o que levou o caso ao STF.

Em março, a Quinta Turma do STJ já havia considerado legal o compartilhamento dos dados recolhidos pelo Coaf com o MP-RJ. Só que a defesa do atual senador insiste que todos os atos que vieram a reboque dos relatórios devem ser considerados nulos.

Porque contrariavam frontalmente os interesses do 01. Se eram verdadeiros ou não, isso simplesmente não vem ao caso. Flávio é filho do presidente e, como tal, não deve ser incomodado pela Justiça. Afinal, que democracia é essa?

Aliás, Bolsonaro já avisou que vai participar dos debates entre os candidatos de 2022. Desde que não venham com questões familiares. Há muita roupa suja e não convém ao presidente expô-la a seus potenciais futuros eleitores.