AGU reage ao passaporte da vacina

Confesso uma certa canseira para escrever sobre as reincidentes manifestações de negacionismo de Bolsonaro, que chegou a acusar a Anvisa da mentira de querer fechar o espaço aéreo brasileiro.

Se o diretor-presidente, Antonio Barra Torres, indicado pelo presidente, não tivesse mandato, já estaria no olho da rua.

Como o próprio capitão continua negando a se vacinar – como será no dia da posse no STF do contínuo André Mendonça? -, incendeia a fogueira de contaminação. E daí?

Que os visitantes venham sem restrições e gastem aqui o seu dinheiro. Se voltarem a contaminar os brasileiros, depois dá-se um jeito. É como pensa nosso brilhante presidente.

Barroso, porém, baixou liminar no sábado exigindo o passaporte de vacina aos que entrarem no país. Domingo reuniram-se representantes dos ministérios da Casa Civil, Saúde, Relações Exteriores, Infraestrutura Justiça, AGU e Anvisa. 

A AGU, porém, quer sabotar a ordem ministerial.

“A cada dia de não exigência de comprovantes de vacinação agrava-se o risco de contágio da população brasileira”, argumenta o ministro.

Ele lembra que a situação é agravada pela proximidade das festas de réveillon, pré-carnaval e carnaval, “o que sugere aumento do fluxo de viajantes entre o final do ano e o início de 2022”, completa. 

Ufa! Seria o xô ômicron!

Como se sabe, Bolsonaro foi contra a Coronavac e o uso de máscaras, disse que os que tomassem a Pfizer poderiam virar jacaré e que as vacinas induzem à contaminação pelo HIV. Fora estimular as aglomerações. Tudo para bajular o gado.

O presidente só não contava com o poder de fogo do nosso SUS, apesar de toda a sabotagem que sofreu, sobretudo do então ministro Pazuello na pasta da Saúde.

E na histórica crença dos brasileiros na vacinação, ligada às campanhas lideradas por Oswaldo Cruz, que erradicaram a febre amarela e a varíola no início do século XX.

E tampouco o cuidado do STF que, ao contrário de Bolsonaro, preza a saúde de nossa população.

Agora, a bola da vez é condenar o passaporte da vacina. A lei do absurdo continua a vigorar.