Católicos x evangélicos
A proximidade do Natal traz à tona uma reflexão. Embora
a Igreja Católica tivesse apoiado o golpe militar de 1964, sua posição mudou da
água para o vinho, em igual proporção à radicalização do regime.
Quem não se lembra da importância da ação de
padres católicos para proteger os perseguidos, os presos e torturados?
Até o
cardeal Dom Eugênio Salles, que aparentava ser um conservador, acabou por se revelar
como um grande salvador de um sem número de perseguidos pelos militares.
Pois
bem, a partir de 1978 esse quadro começou a mudar. Foi quando entrou em cena o
combate à Teologia da Libertação pelo papa Paulo II, depois acentuado por Bento
XVI (fotos).
Primeiro
começou-se a associá-la ao comunismo e ao marxismo. Coincide com as costas dadas aos pobres. Ao mesmo tempo, Paulo, Bento, a Cúria romana e a maioria da
hierarquia passam a considerar os leigos cidadãos de segunda classe, em movimento rumo à direita e extrema-direita.
O que
significa que todo o poder passa a emanar do clero e em seu nome será exercido. É o chamado clericalismo, apoiado por leigos temerosos e oportunistas.
O
argumento predominante era de que haveria uma fuga de fieis daqueles moldes anteriores. Só que foram
justamente esses equívocos que provocaram essa fuga.
Vozes
poderosas como a de um Leonardo Boff foram perseguidas e caladas.
E, assim, as ricas experiências das Comunidades Eclesiais de Base e os conselhos
de leigos nas paróquias foram desarticulados pelos conservadores.
Enquanto
isso, os evangélicos cresciam e se organizavam, em movimentos que passaram
desapercebidos, em um primeiro momento, até dos cientistas sociais.
Na
medida em que começaram a acumular capital com dízimos, passaram a adquirir rádios e redes
de televisão. Aumentavam a atração de novos seguidores e de suas respectivas
fatias de poder.
E adivinhem
que, passou a preencher as lacunas deixadas pela Teologia da Libertação? Acertou quem disse os evangélicos.
E
agora, onde está a oposição da Igreja Católica contra os absurdos cometidos pelo governo Bolsonaro?
Se na
década de 80, 89% da população brasileira era católica, em 2020 ela caiu a 49%. Os protestantes passaram a 31%, com previsões de ultrapassar os
católicos a partir de 2032, com sua Teologia da Prosperidade, associada a
processos de desdemocratização e fundamentalismo neoconservador.
Este
erro crasso da Igreja Católica, que agora o papa Francisco tenta reverter,
funciona aqui como adubo para todo o retrocesso que estamos vivendo.
Excelente. Parabéns
ResponderExcluirObrigada!
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ResponderExcluirM Christina Fernandes
Faz algum sentido sua reflexão mas o que na verdade aconteceu foi com que a proibição de padres católicos entrarem na política, 'evangélicos' neopentecostais entraram no jogo da política partidária e começaram a fazer política aberta dentro das suas igrejas. Com seu poder persuasivo e o famoso dízimo conseguiram o poder econômico de participar maciçamente da bancada da bíblia que se mistura com a bancada da bala.
Malafaia e cia. estão dando as cartas até hoje, observe bem com quem Bolsonaro está metido.
Leonardo Boff continua fiel a Lula.
Fiz um resumo bem resumido da situação, obrigada por seus esclarecimentos!
ExcluirEder Douglas de Morais
ResponderExcluirPresidente na Steammaster Caldeiras
A bíblia ensina que todos nascem ruins representado logo no inicio pelo "pecado original" e o socialismo diz o oposto, não entendo como um padre pode ser socialista.
Acho ainda mais difícil de entender um padre capitalista
ExcluirBom dia. Na época da ditadura, havia uma diferença entre Brasil e, por exemplo, Argentina e Chile. Tratava-se do Brasil ser um país laico e a Argentina e Chile católicos. Isto significava que havia um vínculo oficial entre igreja e estados do Chile e Argentina, por exemplo, os padres recebiam um soldo do governo. Tal não acontecia no Brasil, daí a diferença do clero por aqui. Sugiro uma investigação sua sobre está situação, inclusive porque pode ter sido alterda
ResponderExcluirVou investigar, obrigada
ExcluirLuiz Queiroz
ResponderExcluirÉ o inferno na Terra. Só serve para o mal.
Chiquinho Alves
ResponderExcluirSaímos da teologia da libertação, da igreja católica e entramos na teologia da prosperidade, dos evangélicos.
Exatamente
ExcluirBruno Pacheco
ResponderExcluirSó seremos livres sem religião.
Sim, era para ser assim, pq o Brasil é um país laico
ExcluirMaria Christina Monteiro de Castro
ResponderExcluirBoa análise, Celina Côrtes. A Polônia sofreu muito com o tempo do domínio comunista, o Papa trazia esta marca...O mundo é muito complexo mesmo. Sou católica, mas embora, como vc destacou, houve, no Brasil, padres católicos que deram proteção e mesmo brigaram pelos presos políticos, estouram, a todo momento e em vários países do mundo, escândalos de pedofilia e excessos de acumulação na igreja católica. Não sei se o avanço dos protestantes é "um adubo ao retrocesso que vivemos"...enfim, embora ache lúcida sua análise, não sei se a conclusão é assim tão clara e simples...Enfim, o mundo anda assim, vai e vem, o sim e o não...bs
Realmente tvz tenha sido uma conclusão rasa para um problema complexo. Nesse momento, em que Bolsonaro faz o que Malafaia manda, infelizmente estamos nas nãos do que há de mais retrógrado entre os evangélicos, que também têm suas correntes progressistas
ExcluirMaria Christina Monteiro de Castro
ExcluirCelina Côrtes brasileiríssima. Só falta umbandista...bs
Marcia Rodrigues
ResponderExcluirUma curiosidade: vc considera a Igreja católica uma instituição progressista, seja qual for o papa? Porque se o avanço do Protestantismo é sinônimo de retrocesso e o catolicismo representa progresso, gostaria de entender quais são esses dois conceitos, na sua visão.
Tanto a igreja católica qto os evangélicos têm setores progressistas e conservadores. Os segundos predominam nesse momento
ExcluirFernanda Carneiro
ResponderExcluirPapa Pio XII também fez vista grossa pro nazismo, "porque combatia o comunismo" , é mole? mais comunista do que Cristo, não há!
De lascar...
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ResponderExcluirPoletto Viçosi
" o povo só será feliz quando o último rei morrer enforcado com a tripa do último padre", agora leia-se pastores tb... Voltaire
ResponderExcluirRicardo José Lopes Clemente
Erro crasso!!! Já recuperado,
Gloria Sotte
ResponderExcluirKkkkkkkkkk
Rosinha Gomes
ResponderExcluirNunca gostei de Bento.
Nem eu
ExcluirSylvia Selva
ResponderExcluirAcho que RCC nasceu com essa finalidade alienar fiéis e os afastar da teologia da libertação.
Marisa Brito
ResponderExcluirQuem conhece bem Bento XVI é Leonardo Boff. Sofreu tudo o que podia e terminou deixando o sacerdócio!
Edneusa Mendonca
ResponderExcluirÉ verdade
Alzira Caetano
ResponderExcluirEu me lembro bem. Apoiávamos a ditadura porque a igreja nos convencia de que era para o nosso bem. Eu era adolescente e a censura não deixava que ficássemos sabendo da verdade dos fatos.