A força da nossa democracia

 


A força do bolsonarismo murcha a olhos vistos. Estão entre os ingredientes para este saldo a opção do presidente por negar a ciência, erros que repercutem na crise econômica. 

Se a teimosia visava o eleitorado mais raiz, isso ajudou a afastar muitos dos que votaram nele em 2018.

Essa é uma das principais conclusões da pesquisa qualitativa do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE) e do Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (Lemep) da UERJ, analisada por Rudolfo Lago, diretor do Congresso em Foco Análise.

“É um achado riquíssimo”, descreve. “Permite compreender as nuances deste pensamento”.

A boa notícia é que os eleitores do capitão, não só os que migram para outros candidatos quanto os que permanecem com ele, não desejam a volta da ditadura. Esse desejo se limita a uma minoria de homens mais velhos e radicais (tipo general Heleno).

Aparentemente, os eleitores de Bolsonaro não topariam embarcar em uma aventura autoritária. O que ajuda a afastar o pesadelo do presidente tentar replicar aqui as ideias de Donald Trump, que culminaram na invasão do Capitólio.

Muitos acham que o regime militar não foi de fato uma ditadura e, embora associem militares a disciplina e valores firmes, discordaram da barafunda que foi Eduardo Pazuello no ministério da Saúde, considerado incompetente na condução da pandemia.

 De modo complementar, a adesão à democracia foi forte, mesmo entre os bolsonaristas não arrependidos, descreve a pesquisa. E foram criticadas ainda a falta de liberdade de expressão, a violência e a repressão desmedida do governo militar.

Ou seja, não são manipuláveis pelas mentiras de Bolsonaro.  

 “Arrependidos e não arrependidos dizem também que o Brasil já superou essa fase (ditatorial) e que não vai, ou não pode, haver retrocesso”, avaliam os pesquisadores.

Para Lugo, esse seria o principal achado da pesquisa. O eleitor brasileiro é conservador e se identifica com pessoas cujo linguajar é mais próximo do seu. O que explica Bolsonaro e também Lula.

E, embora admire a filosofia e hábitos militares, traz clara a ideia de que vivemos nosso maior e ininterrupto período de democracia da história republicana e ninguém que abrir mão dela.

Também é nítido para eles que a igualdade existe sim. Tanto debaixo da terra quanto dentro da cabine de votação. O que mostra, apesar dos pesares, a força da nossa democracia.

 

Comentários

  1. Presente de Natal? Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel.

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  2. Andréa Barranqueiros
    Tenho medo de artigos da linha do já ganhou. Dá a impressão de que tudo se ajeitará em 2022. Não gente, o jogo é pesadíssimo, as instituições aparelhadas por esse governo militar jogarão pesado tudo o que puderem, inclusive naquelas urnas com selo de confiança que as esquerdas fizeram questão de carimbar.
    Ai vão se dando conta de que o TSE está sob comando militar, as urnas estão sob controle do grupo positivo do senador Oriovisto Guimarães, bolsonarista raiz e todo o aparato estatal infestado por militares parasitas vai jogar em favor do projeto neoliberal.
    Projeto esse que também leva em consideração o desmantelamento da confiança da política como forma democrática de governo.

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    Respostas
    1. No post de hoje encontrei algo de positivo, nesse mar de podres que nos cerca

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  3. Andréa Barranqueiros
    E Lula, o candidato melhor colocado no pleito brincando de fazer governo de coalizão.

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  4. Cristina Beatriz
    Será terrível se tivermos que escolher entre o psicopata e o ladrão hipócrita, gostaria que os candidatos da terceira via se unissem, por mim seria em torno do Moro, o admiro como admiro a Lava Jato

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  5. José Ferreira Ferreira
    ACORDA ESQUERDA BRAsILEIRA!!! O golpe está em curso ainda.... Temos que tirar esse general do TSE. É prá ontem!

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