O sincericídio de Bolsonaro

 

A baixaria que nos aguarda no ano eleitoral já começou. No caso, a favor do Brasil. Enquanto correm há mais de um ano as investigações sobre o aparelhamento da PF por Bolsonaro, o próprio confessou suas práticas à Gazeta do Povo.

No caso, o sincericídio tinha um alvo, seu mais novo arqui-inimigo, o ex-ministro Sérgio Moro, autor da denúncia em questão ao sair do governo.

Na entrevista, o presidente “escancarou”, conforme o Antagonista, a causa da demissão de Moro. Bolsonaro o acusou de não ter interferido no Coaf e na Receita Federal para coibir as investigações sobre Flávio e Michelle.

Admitiu ainda que desde o início do governo começara a planejar a demissão do ministro da Justiça. Foi contido, porém, pelo medo de perder votos.

“Eu queria mandar ele embora lá atrás, mas como ele tinha um prestígio muito grande, ficava difícil justificar a demissão dele”, afirmou.

“ Tanto é que na mídia social era comum: ‘Moro no Supremo, Dallagnol na PGR. Ou então não tem a reeleição’. Era um negócio terrível”, completou.

O presidente também admitiu que quando Moro estava no ministério conseguiu conter uma interferência ainda maior nos órgãos de controle, como se vê agora, não só na PF, como no ministério da Justiça, Coaf, Receita Federal, TJ-RJ e STJ.

Nesse caso, os ataques acabaram por trazer luz a temas obscuros pelos próprios efeitos do generalizado aparelhamento. Daqui para a frente, porém, aguarda-se uma guerra entre os três favoritos à sucessão presidencial.

Como se sabe, são todos contra si em forte intensidade. E os três têm motivos para isso.

Lula atribui a Moro seu afastamento das eleições de 2018, quando o ex-juiz o condenou à prisão. Bolsonaro odeia Moro por saber da ameaça que ele representa para lhe roubar votos da direita. Lula odeia Bolsonaro pelo que ele faz com o país.

O presidente pode até achar que Lula seria um concorrente mais fácil de vencer com a polarização, contudo, odeia tudo o que possa cheirar a esquerda.

E Moro odeia Lula porque vê no ex-presidente uma forte possibilidade de ser desmascarado, conforme mostrou a vaza a jato e o próprio STF, que o considerou sob suspeição no julgamento do petista. 

Aguardem. Vem por aí nitroglicerina pura.