A dança dos vices

 

Bolsonaro disse que já escolheu seu (a) vice, cujo nome só será divulgado em momento oportuno.

Após a facada pelas costas de Michel Temer em Dilma Roussef, e tantos outros episódios de traição em nossa história, salta aos olhos a importância dessa escolha.

No caso do presidente, sabe-se o quanto o atual titular, o general Hamilton Mourão, funcionou como uma contenção ao impeachment. Não por representar as Forças Armadas, e sim porque ninguém sabe o que se passa de fato em sua cabeça.

Poderia ser uma troca de seis por meia dúzia.

Dilma já alertou Lula sobre o fato de que Alkmin possa ser seu Temer. O ex-presidente, porém, voltou a sustentar que esse é seu desejo, seja para conter um possível afastamento ou apenas para aproximá-lo do Centro.

Enquanto a escolha já chegou até a valorizar nosso combalido Real, com os afagos de Lula a FHC - que já fincou pé em apoiar Dória -, volta a se falar em outra alternativa: Josué Gomes, filho de José de Alencar (último vice do ex-presidente), que preside a Fiesp e o grupo têxtil Coteminas. 

Quanto a Bolsonaro, já se falou que o nome mais capaz de blindá-lo do impeachment seria o do general Braga Netto.

Conforme o jornalista Thomas Trauman, quem poupou o presidente do afastamento até agora foram a pandemia – pela proibição de manifestações –, o Centrão e Mourão. 

Na campanha de 2018, quando o projeto era tocado por meia dúzia de gatos pingados, Bolsonaro escolheu para vices o então senador Magno Malta e a advogada Janaína Paschoal.

Só que, desde que se aliou ao Centrão, o capitão perdeu a independência  e a escolha do vice tem de ser compartilhada entre o PL, seu partido, o PP, o Republicanos e o PTB.

Dificilmente os fisiológicos parlamentares do Centrão topariam Braga Netto. Mesmo que sua fidelidade possa ser incontestável, eles sabem que o general é ruim de votos e entende mais de tanques do que de política.

Sabe-se que o nome mais simpático ao grupo é o da ministra da Agricultura, Tereza Cristina. De olho no Senado, ela já planeja sua mudança do DEM para o PP.

A única chance de o PP não bancar sua escolha é se tiver a certeza de que o presidente não se reelege, para evitar compromissos com o próximo governo.

A conferir.