O coral das ratazanas

 

A baixaria eleitoral começou. Pelo ex-ministro, que relegou nossa Educação ao lixo, o olavista Abraham Weintraub. Ele resolveu denunciar o que sempre soube: que Bolsonaro tinha conhecimento da Operação Furna da Onça, um mês antes de ser noticiada pelo Estadão.

Como se sabe, foi ali que a parceria de Flávio Bolsonaro e Fabrício de Queiroz nas rachadinhas veio a público. Embora hoje soterrada por hábeis camadas de aparelhamento.

Na realidade, a real intenção de Weintraub é fazer barulho para dar a largada a sua autocandidatura ao governo de São Paulo. Algo diferente do que deseja o clã, cujo escolhido é Tarcísio Freitas, ministro da Infraestrutura.

Em ano de eleição, é hora dos ratos botarem a cara de fora. O ex-aliado Paulo Marinho já havia feito exatamente a mesma denúncia, quando afirmou à Folha ter sido informado do vazamento pelo próprio primogênito.

Weintraub conta que participava da mesma reunião com Gustavo Bebiano, outro ex que também ameaçou botar a boca no trombone – após ser abandonado às traças pelo capitão. Morreu, porém, antes disso. E deixou um celular-bomba com denúncias, que nunca apareceu.

Não por acaso, o autodeclarado candidato havia sido criticado na semana passada por Eduardo Bolsonaro, após este ser cobrado pela promessa de seu pai de apoiá-lo em 2020. O 03 acusou os críticos de serem robôs a serviço de Weintraub e avisou que ele faria o que o pai determinasse.

Note-se: direita usa sua tática para atacar a direita.

No fundo, Weintraub deve estar se lixando para essa história, a não ser por seu potencial de botar uma lente de aumento sobre as suas reais intenções.

Junto ao cordão de desafetos Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores, ao incendiário Ricardo Salles e ao pastor Silas Malafaia, Weintraub gravou uma live essa semana, onde os vilões da vez foram a aliança com o Centrão e Sérgio Moro, também taxado de “traíra” pelos bolsonaristas.

Os iguais também se atacam.

Malafaia acusou Ciro Nogueira, Flávia Arruda e Fábio Faria de terem trabalhado contra a candidatura do ministro terrivelmente evangélico, André Mendonça, ao STF.

Enquanto Araújo disse que o Brasil virou uma “colônia chinesa” desde que o Centrão “foi entrando” no governo.

 “Fui ficando cada vez mais isolado e me foi tirada a capacidade de fazer a política externa a que nos propomos”, choramingou, referindo-se à demonização que promovia contra a China, nosso maior parceiro comercial.

A torcida é que a campanha eleitoral vire um ringue de destruição mútua entre todas essas ratazanas oportunistas. E que os antigos aliados de Bolsonaro contribuam para derrubar ainda mais a sua popularidade em queda livre.