Posso ser você amanhã

 

Nesses três anos, nos anestesiamos diante do comportamento desumano de Bolsonaro. Foi espantoso ele não ter interrompido seus passeios de jet ski para se solidarizar com os baianos. O mesmo voltou a ocorrer com Minas Gerais, quando nem de férias estava mais.

Alguma surpresa? Não, para quem já se acostumou com sua indiferença diante do morticínio provocado pela pandemia do coronavírus. Além de tripudiar do sofrimento alheio - como na imitação de alguém com falta de ar -, não houve uma palavra de solidariedade, a ponto de desconsiderar a morte de mais de 300 crianças pela Covid-19. 

O mesmo mandatário que vetou o fornecimento de absorventes para meninas pobres acaba de aprovar os voos de classe executiva para políticos e funcionários públicos em missão internacional. Em troca de quê, dá para imaginar?

É espantosa a apatia dos brasileiros diante de absurdos que sempre terminam impunes, como o desmonte das políticas ambientais, da Educação, da Cultura e da Saúde que, não fosse pelo nosso histórico popular, poderia ter se contaminado pelo negacionismo presidencial.

Gastos descomunais com motociatas, cartões corporativos e até no recente problema intestinal, que levou um hospital a fretar um avião para importar seu médico particular de suas férias nas Bahamas, dão a medida do descompasso do mandatário com o país que volta a sofrer de fome.

Algo bem diferente do que acontece com o premier do Reino Unidos, Boris Johnson, com o pescoço a prêmio pela sequência de 14 festas promovidas durante a quarentena da pandemia. Pior, uma em seguida ao funeral do príncipe Philip.

Quem se lembra do churrasco do presidente no Palácio da Alvorada, também durante a pandemia, com carne importada de R$ 1 mil o quilo? As tímidas reações foram taxadas pelos aliados de mimimi contra o presidente.

Por muito menos, o histriônico Johnson corre o risco de perder o cargo. E aqui?

Onde estão os protestos? O gato comeu.

A falta de humanidade e de empatia são regra no comportamento de Bolsonaro que, mais do que nunca, aposta todas as suas fichas na reeleição, apesar de se manter em queda livre nas pesquisas de opinião.    

A certeza da impunidade é óbvia. E agora, com o estouro no teto de gastos e recursos a rodo, a campanha busca um marqueteiro para enganar os trouxas.

Qual será o desfecho desse baile da Ilha Fiscal - que marcou a queda da monarquia - entre os eleitores e os fanáticos seguidores do capitão?