O velório da Cultura

Enquanto pranteamos o velório de nossa Cultura, que volta a ser ceifada pela mais nova desidratação da Lei Rouanet promovida por Mário Frias, somos informados dos quase R$ 80 mil investidos com dinheiro público para seu encontro, em dezembro, com o lutador de jiu jitsu Renzo Gracie, em NY.

Só de passagens aéreas foram R$ 13 mil para cada perna, em classe Executiva (antes mesmo de Bolsonaro decretar a benesse aos privilegiados de seu governo), em viagem com o selo “urgente”. Que urgência poderia ser essa?

O abuso deve ser a causa do cancelamento de sua participação na comitiva de Bolsonaro na viagem à Rússia, amanhã. 

Para quem não se lembra, foi aquele mesmo que já alardeou nas redes sociais o deboche: "Rouanet eu quero, Rouanet eu quero, na Rouanet eu quero mamar, me dá dinheiro, me dá dinheiro porque senão vou chorar.”

Bolsonaro já havia reduzido de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão o valor máximo permitido por projeto para captação, em abril de 2019. Passou ainda de R$ 60 milhões para R$ 10 milhões o valor máximo que poderia ser captado por empresa.

Agora, Frias deu mais um passo rumo ao obscurantismo, tão ao gosto do chefe. Foi reduzido em 50% o limite para a captação pela Lei Rouanet. Projetos de “tipicidade normal” sofrem uma queda no teto de R$ 1 milhão para R$ 500 mil.

Eventos de “tipicidade singular”, como desfiles, eventos literários, exposições de artes e festivais, têm o limite de R$ 4 milhões. Os de “tipicidade específica”, a exemplo de concertos sinfônicos, e ações de capacitação cultural e festas nacionais, o valor chega ao máximo de R$ 6 milhões.

Não por acaso, nenhum filme ou curta-metragem representa o Brasil na próxima festa do Oscar.

E agora vai se candidatar a cargo eletivo...

O enterro de nossa cultura começou pela extinção do ministério da Cultura por esse governo nefasto.

Como se sabe, o primeiro secretário de Cultura, o olavista Roberto Alvim, só foi afastado do cargo após fazer apologia ao nazismo – que volta a ficar em alta, por sinal. Isso depois de denegrir nossa musa maior, Fernanda Montenegro.

Foi substituído por Regina Duarte, que de namoradinha  passou a assombração do Brasil.

Ela foi capaz de se indispor com a classe artística e até com o presidente que a nomeou (embora ele não admitisse). Acabou rebaixada ao comando da Cinemateca.

E agora temos essa excrescência, sem nenhuma bagagem que justifique o cargo que ocupa. 

Quem sabe na viagem a NY ele aprendeu novos golpes para nocautear de vez a nossa combalida Cultura?