Cala boca já morreu

 


Em meio à apatia generalizada que tomou conta do país, foi uma dádiva assistir ao sacode promovido pelo festival Lollapalooza, em São Paulo, no primeiro grande encontro de multidões pós-pandemia. Remeteu aos protestos contra a ditadura dos festivais da canção dos anos 1960 e 1970.

Curiosos são os critérios dos bolsonaristas. Quando se fala em bloquear o Telegram, principal canal usado por eles para difundir fake news, é censura. Agora, quando artistas sobem ao palco com imagens de Lula e críticas a Bolsonaro é propaganda antecipada que tem de ser censurada.

Foi bom ver Gabriel o Pensador incendiando mais de cem mil pessoas com agressividade digna do gabinete do ódio, com gritos de fdp, entre citações como “chamando políticos ridículos de mito” e esclarecendo “o pensador é contra a violência, mas a gente peca por excesso de paciência”.

O ministro Raul Araújo, do TSE, já homenageado pelo presidente, tentou impor censura ao evento, atendendo ao pedido do PL (cancelado ontem). 

Quando nem se ouve falar mais de atos de rua – aliás, acaba de surgir o convite para o Fora Bolsonaro, em 9 de abril -, deve ter sido insuportável ao capitão ver as reações contra tudo o que ele representa na juventude incendiada.

O ministro Fachin, por sua vez, viu censura no ato do TSE e vai levar o caso ao plenário da Corte. 

Só que a defesa do festival respondeu ao TSE que seria impossível fazer cumprir uma ordem que vedasse manifestações de preferência política, por não ter como controlar ou proibir os artistas que se apresentavam. 

E, como acontece em relação a tudo que envolve censura – a própria interdição temporária do Telegram refletiu-se em mais 150 mil seguidores do capitão após o banimento -, o resultado foi ao contrário. Só fez insuflar ainda mais os artistas e a plateia em catarse coletiva.   

Lulu Santos foi um que avisou: “cala boca já morreu”, enquanto o ex-presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello, definiu como “inadmissível” a proibição de manifestações políticas em uma democracia.

E, como Bolsonaro não tem nada a apresentar pelos três anos de (indi) gestão, lançou sua pré-campanha investindo no antipetismo, cercado pela nova política que ele diz representar, como Valdemar da Costa Neto e Fernando Collor.

Comentários

  1. Regina Costa
    Engraçado ele pode fazer campanha antecipada, e ninguém fala nada, coitadinho, está com medo.

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  2. Helena Maria Barbosa Dos Santos
    Ele foi se refugiar no hospital..

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  3. Lucia Azevedo
    Só gente de peso com ele na pré candidatura: o magnífico e explêndido Fernando Collor de Mello ,para ajudar no peso da balança o corretíssimo Valdemar da Costa Neto, sem contar com outras ilustres personalidades a sua volta. Tanta hipocrisia!!! Mas, propaganda antecipada e carreatas PODE!!!! Foi um show o Lollapalooza 👏👏👏❤️❤️❤️

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  4. Oi Celina ,foi demais mesmo, ver o Lulu falar Cala a boca já morreu, quem manda na minha boca sou eu.
    Fora Bolsonaro!
    Pena que só soube do blog agora, mas adorei ter a oportunidade de ler seus comentários muito sagazes e oportunos.

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  5. Regina Costa
    Helena Maria Barbosa Dos Santos se preparando pra fugir dos debates, ficando dodói.

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  6. Andre Luiz Pereira
    No Rock in Rio será muito maior.

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