Indígenas sob ataque

 

A questão indígena está, como nunca, em polvorosa. A Câmara pede urgência para a votação do PL 191, que permite a exploração de terras indígenas, sob o pretexto de retirar potássio do solo para os fertilizantes – embora se saiba que o potássio está fora dessas áreas demarcadas.

Como uma facada no coração, o ministro da Justiça concedeu a Bolsonaro – durante a pandemia acusado de genocídio dos povos indígenas, autor do elogio às cavalarias americanas por terem dizimado os índios – a Medalha do Mérito Indigenista. E ele fez festa de cocar na cabeça.

Se o presidente teve a cara de pau de curtir a honraria a caráter, o indigenista Sydney Possuelo – esse sim, digno de ostentá-la – a recusou por entender que a medalha perdeu seu sentido, após ser concedida a Bolsonaro e autoconcedida ao próprio ministro Anderson Torres.

Eles gargalham, enquanto nós choramos.

Já o militar reformado Jussielson Gonçalves confirmou que os milicos estão longe de inspirar confiança, ainda mais nesse governo que alçou a categoria a cargos para os quais nunca estiveram preparados, como foi o caso do general Pazuello à frente do ministério da Saúde. 

Gonçalves foi preso na quinta-feira pela Polícia Federal,  acusado de intermediar o arrendamento da TI Marãiwatsédé.

Raposa cuidando do galinheiro: o militar era coordenador regional da Funai em Ribeirão Cascalheira, no Mato Grosso. E estaria cobrando até R$ 900 mil mensais para liberar 15 arrendamentos na reserva a proprietários de terra da região.

Conforme o INPE, a Marãiwatsédé (foto abaixo) já é a quarta TI mais desmatada da Amazônia.

 A operação da PF deteve ainda o sargento da PM do MT Maximiliano Rodrigues de Souza e o ex-PM amazonense Enoque Bento de Souza. Também teria participado do esquema o cacique Damião Paridzané, do Povo Xavante.

Já a TI Piripkura, considerada a porta de entrada da Amazônia Legal, quase teve 12 mil hectares vendidos em um leilão, sem qualquer interferência da União ou do governo estadual.

Disfarçado de cordeiro com o cocar na cabeça, Bolsonaro está pronto para vender a alma dos indígenas ao diabo.