Telegram já era

 

Bolsonaro deve ter surtado. Ontem o ministro Alexandre de Moraes determinou que plataformas e provedores suspendam o uso do Telegram. Como se sabe, é a principal ferramenta dos bolsonaristas para disparar fake news em massa.

O clã tem acesso a 1,3 milhão de seguidores pela plataforma. Em outubro de 2021, Bolsonaro já acumulava 1 milhão deles.

E quem desobedecer a ordem judicial estará sujeito a multa diária de R$ 100 mil. Usuários que tentarem furar o bloqueio via Virtual Private Network (VPN) também serão multados.  

A decisão ministerial não tem prazo de validade. Vai durar até que o aplicativo atenda às ordens judiciais de que é alvo.

Com isso, o Brasil é o 12º país a bloquear o Telegram, ao lado da China e de Cuba. E, embora nem na Rússia o boqueio tivesse funcionado, aqui, segundo o pesquisador David Nemer, poderia dar certo, na lógica do siga o dinheiro.

Hoje o aplicativo é usado no Brasil por 53% dos donos de celulares. O bloqueio atingiria a maioria deles, que forma a base da plataforma. Se os anúncios não atingirem essa maioria, o Telegram se desidrata, segundo Nemer.

O bloqueio foi pedido pela PF, pelo constante descumprimento de ordens judiciais. Desde 2021 o ministro Luís Roberto Barroso solicitava reuniões com os responsáveis pelo app, sempre ignoradas. Daí vem a observação de Moraes sobre o banimento, “em total desprezo à Justiça brasileira”.

Conforme a PF, a plataforma é usada para a prática de vários crimes, como venda de armas, pedofilia e pornografia infantil, graças à privacidade que garante a seus usuários. Nazistas, fascistas e extrema-direita também são assíduos no Telegram.

Vassalo de Bolsonaro, o ministro da Justiça, Anderson Torres, tentou ontem reverter a decisão de Moraes.

Em fevereiro o ministro do STF já havia suspendido três perfis ligados ao blogueiro Allan dos Santos, que agora, foragido e sem dinheiro nos EUA, apela à Corte pedindo o desbloqueio das contas bancárias do canal Terça Livre.

Santos acusou o baque da decisão de Moraes, ao deixar ao leo seus 128 mil seguidores.

E agora posando de vítima, alega não ter como alimentar sua família. Mudou o tom, para quem gostava de provocar “o cabeça de piroca pensa que pode me calar, mas não esperava que tenho amigos e estou livre agora”.

Resta saber se Carluxo terá de voltar à Rússia para aprender novas formas de ludibriar os eleitores, porque o Telegram, sua principal ferramenta, poderá deixar de prestar seus serviços à campanha presidencial.