A disputa dos vices

 

O páreo é para lá de duro. Ter o general Braga Netto como vice significa botar o rabo entre as pernas para qualquer possibilidade de impeachment. Seja pelo estilo troglodita do militar, ou porque quem cogitaria tê-lo como presidente em caso de afastamento de Bolsonaro? Seria a linha dura no poder de vez.

Imagine se o presidente se decidir pela ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos? Damares Alves, a mulher que viu Jesus na goiabeira?

Que, além de deixar claro que sua causa não são as mulheres, e sim o chefe, quando expôs a menina de 10 anos seguidamente estuprada pelo tio, que conseguiu seu salvo conduto para abortar, e nunca levantou um dedo pelos Direitos Humanos?

Até porque, como uma aliada de alguém que defende a tortura tem moral para dar pitacos sobre Direitos Humanos? E mostrou que não entende nada de família quando trouxe da Amazônia uma índia para chamar de sua ou teve um caso com um pastor casado.

Como se sabe, Damares deixou o ministério para disputar um cargo eletivo no Distrito Federal. Sua atuação, contudo, se mantém voltada para todo o país. Não precisa ser marqueteiro para saber que o presidente está fraco entre as eleitoras mulheres e, apesar da mancada de Lula ao defender o aborto, ainda perde setores evangélicos para o adversário.

Sobretudo os que conseguem enxergar que Bolsonaro, ao defender a tortura, a multiplicação das armas e desdenhar da saúde da população durante a pandemia, de cristão não tem nada.

Enquanto o presidente não se decide quem será seu vice – alguém que ele possa ter a certeza que não vai apunhalá-lo pelas costas -, Damares, que de boba não tem nada (embora possa se questionar seu QI), esteve em Manaus na semana passada e na próxima estará em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Conforme o site Congresso em Foco, são viagens acordadas com o chefe para quebrar a resistência das mulheres evangélicas sobre o que ele é, na realidade.

E por enquanto, monitorado pelas pesquisas, o presidente tende a adiar o anúncio oficial de sua chapa.

Como se viu, as Forças Armadas levaram mais uma estocada com as denúncias dos áudios dos ministros do Supremo Tribunal Militar, que admitiram a tortura durante os anos de chumbo.

Na realidade, um recado a Bolsonaro, cujo filho debochou dos maus tratos sofridos pela jornalista Míriam Leitão.

Pior que os dois vices, porém, só mesmo o candidato.

(Ilustração do Site 247)