Mamata agora é calmante

 

Nesse governo os fatos são questões de menor importância, o que vale, são as narrativas. Qual a diferença entre o mensalão, as emendas e o orçamento secreto? (charge de Aroeira)

No primeiro, o dinheiro vai direto ao bolso do parlamentar. Nos demais, acaba chegando lá e ainda permite a possibilidade de reeleição dos beneficiados.

Claro que Bolsonaro não vê nada de errado na prática, afinal, ela é uma das ferramentas para pavimentar a sua própria reeleição. O presidente agora nomeia as emendas e o orçamento secreto como formas de “acalmar” o Parlamento.

E, claro, sabe o quanto elas são essenciais para manter deputados e senadores no bolso. Mentiu quando disse que o orçamento nada tem de secreto, porque os pagamentos estão identificados no Diário Oficial.

Ok. Só que não há como saber quem foi o autor da fatura. Afinal, o que interessaria à população, de onde saem os recursos, saber quem pagou a quem? E também pode pegar mal entre os que foram relegados pelo esquema. 

A insistência na manutenção das emendas secretas, inclusive, vai contra determinação do STF.

“Essa outra parte, de emenda, ajuda a acalmar o Parlamento. O que eles querem, no final das contas, é mandar recursos para a sua cidade”, esquivou-se o presidente, aquele mesmo eleito com o discurso que acabaria com o “toma lá dá cá”.

Não fosse a imprensa, não saberíamos, por exemplo, que o ministério da Defesa pagou campos de futebol durante esses tempos de penúria orçamentária que vivemos. Ou que os recursos compraram tratores superfaturados e caminhões com dinheiro do FNDE  para aliados de Ciro Nogueira, no Piauí.

E Viagra, próteses penianas infláveis e remédios de calvície para as Forças Armadas.

É o tipo da peça que Bolsonaro não pretende mudar, de jeito nenhum, até outubro. Desde que o sistema entrou em vigor, alguém voltou a ouvir falar em impeachment do presidente?

E agora o governo lançou uma nova modalidade de corrupção: a virtual, quando não chega às vias de fato. Copy right do ministro Ciro Nogueira, sobre o escândalo dos ônibus superfaturados no MEC, que não chegaram a ser pagos, assim como foi com a Covaxin, e por isso não justificariam CPI.

Então ficamos combinados assim. As emendas secretas nada têm de ilícitas. São apenas calmantes para manter a base de Bolsonaro sempre a postos ao seu lado, para o que der e vier.

E espera-se que o próximo presidente não tenha a cara de pau de repetir o mesmo esquema. Prometer e fazer tudo ao contrário, já deu.