Farsas e mentiras

Após levar um mês e duas semanas para reconhecer Joe Biden como presidente dos EUA, eis que nosso mandatário torna-se Biden desde criancinha, como se viu na Cúpula das Américas.

Com hipocrisia de ambos os lados, o encontro ‘olhos nos olhos’ dos líderes foi marcado por mentiras e falsidades.

O cúmulo da desfaçatez seria, conforme grupos ativistas indígenas, a omissão pelo presidente brasileiro de que os corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips já haviam sido encontrados. Tal notícia - não confirmada oficialmente - poderia azedar um evento tão animador para o capitão.

Como sempre enfatiza o correspondente Guga Chacra, Biden se lixa para a América Latina e promoveu o encontro da semana passada para correr atrás do prejuízo trazido pelo crescimento da influência chinesa na região.

Os números confirmam a tese. Enquanto os EUA destinam US$ 40 milhões de ajuda humanitária à Ucrânia, coube ao Brasil US$ 12 milhões para proteger a Amazônia, recursos a serem divididos com o Peru e a Colômbia. Correspondem a 1% do que é destinado anualmente à ditadura egípcia.

E se aqui um presidente transtornado proferia ameaças ao STF, nos EUA o mesmo gabava-se por ter chegado ao governo de forma democrática, a mesma pela qual quer sair.

A radical mudança de postura do mandatário teria uma explicação: a desesperada busca por boas notícias para conquistar eleitores. “A conversa foi muito boa. Ficamos sentados a menos de 1 metro de distância, olho no olho, por 30 minutos, e sem máscara”, enalteceu.

É o tipo da cena capaz de conquistar, no entender do presidente, afetos e desafetos. Afinal, uma aproximação com o país mais rico do mundo pode trazer benefícios à nossa combalida economia. Enquanto a menção ao encontro sem máscara ou distanciamento alimenta aliados negacionistas.

Segundo a Globonews fontes ligadas a Biden sustentam, porém, que o presidente brasileiro insistiu na insegurança de nosso sistema eleitoral, enquanto o americano assegurou sua confiabilidade. Ou seja, nem tudo foram flores.

Se um teria fingido, o outro mentiu. Em meio às recentes informações sobre os 33 milhões de brasileiros que passam fome, fomos 'vendidos' como o país que garante “segurança alimentar de um sexto da população mundial”.

Em meio ao drama de Pereira e Phillips e à destruição ambiental da Amazônia, viramos “um dos países que mais preservam o meio ambiente e suas florestas.”

Talvez a única verdade verdadeira foi o ato falho da live do mandatário na quinta-feira, quando chamou Biden de Trump...