Me tira fora dessa

 

Acaba que ficou palavra contra palavra. Autoridades norte-americanas deixaram vazar parte do encontro entre Joe Biden e o presidente brasileiro na Cúpula das Américas. 

Como já de sabe, o capitão teria pedido ajuda ao americano para impedir a posse de Lula, candidato de esquerda cujos interesses 'seriam prejudiciais' aos EUA.

Biden teria desconversado e, conforme a correspondente da Globonews, aproveitou para reiterar sua confiança no sistema eleitoral brasileiro.

Nosso mandatário desmente. Até porque o encontro não teve testemunhas e não há como provar nada. Se houvesse, seria crime de alta traição à pátria cometido pelo presidente brasileiro, passível de impeachment.

A conversa pessoal, por sinal, foi uma imposição do brasileiro para participar de uma cúpula já esvaziada pela ausência do presidente mexicano, segundo mais importante país das Américas, em protesto contra a exclusão das três ditaduras, Venezuela, Cuba e Nicarágua.

O vazamento intencional entre autoridades máximas e jornalistas americanos, significa que a diplomacia viu urgência em tornar pública a história. Como enumerou Pedro Dória, no Canal Meio, ficaram implícitos três recados:

O presidente brasileiro pediu interferência exterior em nossas eleições. Os EUA não querem saber sobre o que pode significar a candidatura Lula. E o terceiro: um golpe de estado no Brasil (dessa vez) não conta com apoio americano.

Claro que o capitão tirou o corpo fora. “Não existe isso daí. Houve uma reunião bilateral. O que tratamos ali é reservado (sorte dele). Cada um pode falar o que bem entender”.

Curioso foi o amor incondicional que nosso mandatário manifestou após o encontro, para quem foi o último líder latino-americano a reconhecer a vitória de Biden.

Alívio em aparecer na foto com o presidente da nação mais rica do planeta nesse momento de baixa popularidade? Puxação de saco para que o líder americano mantivesse sigilo sobre o que foi tratado entre quatro paredes?

Nunca saberemos. Quem sabe em 100 anos?

O que temos é a continuidade do discurso presidencial de criticar ministros do STF e nosso sistema eleitoral, à qual o general ministro da Defesa - que deveria estar cuidando das buscas a Bruno Pereira e Dom Phillips - faz coro. 

Como se tivesse alguma autoridade constitucional para dar pitacos sobre eleições...