"A Fúria": propaganda ilegal antecipada
Quando
Bolsonaro sofreu o atentado a faca eu estava no Jornal do Brasil. Lembro-me das
reações de alívio da equipe, logo substituídas pelo temor da vitória que
realmente ocorreu.
E, ao ver a
imagem de Bozo morto por uma flechada durante uma motociata – uma das facetas mais odientas de
sua campanha, que remete a Mussolini – também fui invadida por uma sensação de bem estar, embora a soubesse inverídica.
Antes de
qualquer outra reação, o ministro da Justiça, Anderson Torres, mandou
investigar a origem da imagem. Tratava-se do filme “A Fúria”, de Ruy Guerra.
Eram imagens fora do contexto da história narrada e, se censuradas antes mesmo de a
produção ser concluída, ainda mais de um dos maiores mestres de nossa cinegrafia,
inauguraria uma ainda inédita interferência antecipada.
Os aliados do mandatário, que julgaram-se expertos ao fazer as
imagens circularem nas redes, também as atribuíram à Globo. Duplo erro.
Para a equipe
do longa, além de a imagem estar fora do contexto, a divulgação é ilegal. E
acrescentou, conforme a Carta Capital, que o cineasta só se manifestará sobre a
obra “quando estiver pronta, como ele sempre faz.”
A emissora,
por sua vez, disse em nota que o Canal Brasil tem participação de 3,61% nos direitos patrimoniais
do conteúdo de “A Fúria”, que encerra a trilogia iniciada em 1964 com “Os Fuzis”
e “A queda”, de 1976. E acrescentou que, apesar da participação acionária, não
interfere em seus conteúdos.
Quer dizer,
assistimos a mais um comportamento de República de Bananas pelos donos do poder
– como a ridícula e servil ideia do Ministro da Defesa de propor uma apuração paralela nas
eleições com cédulas de papel.
Apesar de
tudo, Anderson Torres insiste em apurar mais informações sobre o vídeo. “As
imagens são chocantes e merecem ser apuradas com cuidado”, disse ele no Twitter.
Na
prática, o máximo que pode acontecer é atrasar a produção, como se viu no "Marighella" de Wagner Moura, cuja estreia foi adiada por falsos pretextos - leia-se tentativa de censura -, que não impediram a aclamação da obra pela crítica nacional e
internacional.
O resultado
atrapalha ainda mais a imagem do governo e favorece, muito, à produção do filme, com essa
antecipada e gratuita divulgação de “A Fúria”.
Olhar sempre crítico, texto enxuto, vai formando um diário da nossa indignação.
ResponderExcluirGado tem cérebro? Nem o líder tem, inagina o resto.
ResponderExcluirRegina Costa
ResponderExcluirEles são mestres em fakes news
Maria Lucia Felcker
ExcluirRegina Costa Com certeza
Carlos Minc
ResponderExcluir🤔🥸💪💃🏿💃🏿🦋🌿🌏🌹