Empreendedor foge do bolsonarismo

Em março de 2021 o ex-banqueiro e empreendedor social, Paulo Dalla Nora Macedo, 47, mudou-se de mala e cuia com a mulher e dois filhos para Lisboa. 

Ele não fugia da violência ou da crise econômica, e sim do bolsonarismo. E do que possa sobrar dele.

"Aquelas pessoas que saíram do armário (...) se sentiram autorizadas a expressar o racismo, a misoginia, o preconceito, a desfaçatez e até a falta de educação sem pudor, elas não vão desaparecer do dia para a noite", argumenta.

Para Dalla Nora, o bolsonarismo é a forma como esse grupo pensa estrategicamente, na vida pessoal e nos negócios. “A maneira como tratam as mulheres ou subalternos no elo mais fraco da cadeia, a moral elástica, a falta de empatia total pelo outro. (...) Esse comportamento deplorável aflorou. Quem tinha um pouquinho de pudor e se continha não tem mais.”

Durante a pandemia tudo ficou mais visível. “A maioria absoluta dizia que não ia obedecer confinamento, que ia manter seus negócios abertos porque só ia morrer pobre e velho e então, 'foda-se’. "Se eu pegar, vou para o Einstein”, dizia um, referindo-se ao hospital paulista.

Pai de uma menina de 10 anos com paralisia cerebral, ele percebeu o quanto o ambiente piorou para a filha nos últimos dois anos. “Na escola, mas principalmente no clube. O incômodo das pessoas com a presença dela. Não era assim, mudou muito rapidamente. E se piorou no meu nível, imagina para as pessoas que têm muito menos do que eu”, especula.

Em almoço no BTG Pactual, que reuniu Bolsonaro e Paulo Guedes com o crème de la crème da elite financeira, ainda na campanha de 2018, o momento em que o candidato foi mais aplaudido foi quando fez "arminha" com a mão...

Segundo ele, a elite brasileira passou a pensar, não posso mais dar uns tapas na minha mulher, não pagar minha empregada, tenho que conviver com um bando de gays... Ouviu de um deles: "o bolsonarismo é libertador".

“Percebam: estamos no fundo do poço da merda. É preciso salvar o paciente primeiro. É preciso sair desse buraco civilizatório e normalizar um pouco as instituições. Depois, vê-se o resto.” Por isso, votará em Lula pela primeira vez.

Em breve, inaugura um bistrô francês na capital portuguesa, cujas receitas levam ingredientes brasileiros, decorado com obras de artistas modernistas brasileiros.

A merda ficou do outro lado do oceano.

Comentários

  1. Carlos Minc
    🌻💪🌿☀️🦋🌏🎷

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  2. Regina Costa
    Os que puderam foram embora, mas aqui realmente está muito triste, com essas pessoas sem noção

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  3. Angela Benevides
    Pois é. Tá difícil viver aqui . Mas vai passar, em outubro a corja toda volta para os esgotos

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  4. Monica Martins
    Portugal não está ficando atrás, brasileiros vem sofrendo preconceitos diversos. Leia Anderson França e ficarão sabendo do que a direita portuguesa é capaz.

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