Futuro sem reeleição

 

O que possa faltar de QI ao mandatário, sobra em esperteza. O estelionato eleitoral que cometeu – sobretudo com o sepultado combate à corrupção – se escancara. À mais nova denúncia, investigada pela PF sobre o esquema de um servidor na Codevasf – a Odebrecht do Centrão -, qual foi sua reação? 

“Se procurar, vai achar alguma coisa. O Ministério do Desenvolvimento Regional tem mais de 20 mil obras, será que está tudo certinho? Vai achar alguma coisa”, admitiu, no cercadinho de Brasília.

Essa desesperada busca pela reeleição não se limita ao desejo de poder. O que será que ele deixou de fazer que pretenderia realizar numa próxima gestão? Terminar as obras do Rio São Francisco? Distribuir mais tratores e caixas d’água?

Um passeio de Jet Sky para quem adivinhar.

A cada tiro no pé, como na reunião da última segunda-feira com mais de 40 embaixadores, quando ele deu-se ao luxo de denegrir nosso sistema eleitoral e ministros do Supremo, foram cometidos crimes de responsabilidade em série.

O Presidente colhe os frutos de seu plantio e sabe muito bem que nada lhe acontecerá enquanto Augusto Aras for o PGR e Arthur Lira o presidente da Câmara, incapaz de acolher os mais de 140 pedidos de impeachment que coleciona.

E se não for reeleito?

Alguma dúvida sobre qual será o destino do mandatário e de sua prole atolada em processos? (Aliás, assim como Lula, ele é ex-presidiário. Em 1987 foi preso por incitar e planejar um atentado contra o Exército para melhorar seu salário.)

"Se eu perder o mandato, poderei ser preso por até cem anos pelos ataques à democracia", confessou no sábado 23 a uma plateia de evangélicos em Vitória (ES)", confessou.

Daí a corrida contra o tempo. Com se sabe, não foi apenas o aparelhamento, como o luxuoso e inconstitucional auxílio da oposição para gastar R$ 41 bilhões nos projetos sociais a três meses da eleição, para os quais nunca ligou. O plano é tão óbvio que a PEC Kamikaze tem data de validade só até dezembro. Depois, que voltem todos à miséria.

Não se sabe o que passou pela cabeça do capitão quando convocou aquela entourage de diplomatas ao Palácio Alvorada. Será que por algum momento ele chegou a crer que os gabaritados representantes de seus governos cairiam em seu conto-do-vigário sobre as urnas eletrônicas, sem provas?

Ao menos a unanimidade da reação superou todas as moscas que a oposição tem engolido. Do STF, TSE, Senado – Arthur Lira só fez saber por terceiros que discordava da campanha contra as urnas eletrônicas – PF e Abin.

Diante da pressão dos procuradores, até Aras expôs sua discordância com uma gravação antiga, onde o nome do mandatário não foi sequer mencionado.

Até quando viveremos essa democracia de araque?  

(Imagem reproduzida da Internet)