Jabuticaba para fugir das grades

 

Se você é daqueles que sonha com o dia em que o mandatário e sua prole sejam finalmente punidos pelos crimes que cometem, saiba que o que parece ser um dos maiores temores do Presidente e dos seus pode deixar de atormentá-lo.

Enquanto assistimos à PGR pedir o arquivamento das denúncias da CPI da Covid contra o capitão, e tantos outros efeitos de sua blindagem, a última é a articulação para proteger da prisão dirigentes que deixam o poder.

Via mais uma PEC, eles seriam nomeados senadores vitalícios, o que lhes garantiria esse malfadado foro privilegiado. Mais uma jabuticaba genuinamente brasileira.

A informação é do blog da jornalista Andrea Sadi e seria extensiva a qualquer ex-presidente. Lula, por exemplo, não teria sido preso. Esse tipo de movimento, porém, só ocorre quando os donos do poder se sentem ameaçados.

Como foi a barganha da monarquia constitucional com a oligarquia absoluta, quando o Império entregou o aparato estatal aos fazendeiros, como indenização pela abolição da escravatura. Ou a entrega do governo pelo Presidente ao Centrão para escapar do impeachment.

A proposta foi mencionada no podcast “Papo de Política” no início de 2021. Depois, sumiu. Volta, não por acaso, quando se fala de novo na possível prisão do mandatário e de seus filhos se não houver reeleição – o que parece provável.

Pior é que, como foi na autorização para gastar às vésperas da eleição pela PEC Kamikaze, assinada também pela oposição, lideranças do PMDB seriam favoráveis à medida. Já para os mais próximos de Lula, ela seria restrita ao clã.

E, ainda conforme Sadi, os defensores da causa acreditam que a medida só seria aprovada antes do pleito se houvesse uma espécie de ‘pacto’ com o Judiciário.

Ou seja, o Presidente não mais atacaria os da capa preta e as urnas eletrônicas, enquanto estes fariam vista grossa a mais essa aberração, como foi na PEC Kamikaze. 

Quem não entenderia nada seria o gado que, de repente, em contorcionismo de parar de atacar os magistrados e as urnas eletrônicas. Será que se a manobra for aprovada o capitão vai conseguir mudar os rumos dos mugidos da sua tropa?