Matança à vista

 

A política de armar a população sempre foi uma das mais intragáveis deste Governo, sobretudo aos que acompanham os bons resultados do Estatuto do Desarmamento, cuja alteração já passou pela Câmara e agora está no Senado.

Até a PF já alertou o Congresso de que a flexibilização de compra de armas pode agravar a violência no país.

Não por acaso, essa é uma das maiores fontes de rejeição feminina ao mandatário.

Agora, o jornalista Leandro Demori traz dados alarmantes. Embora quando Onyx Lorenzoni comandava a Casa Civil tivesse negado que o fuzil T4 fosse de uso restrito e não chegasse ao cidadão comum, a Taurus informa que sua mais recente promoção, a T4 Week, se aproxima de comercializar 60 unidades do mortífero armamento.

Entre os agraciados, o PCC. Como se sabe, o próprio Exército admitiu ter aprovado o Certificado de Registro como Caçador e Atirador Esportivo (CAC) a um homem que adquiria fuzis para a facção criminosa, como revelou a Folha.

E o promotor Lincoln Gakiya, especialista em PCC, informou que fuzis eram comprados pela facção por entre R$ 35 mil a R$ 59 mil no mercado paralelo. Agora, eles adquirem a arma por de R$ 12 mil a R$ 15 mil. Com nota fiscal.

Detalhe: o então candidato à presidência, Jair Messias Bolsonaro, visitou a Taurus em 2017 (foto) e chamou a arma de “nosso T4”. Após assumir o cargo, a venda da arma foi liberada por sucessivos decretos.

Dos quais, os bandidos tiram grande proveito. Segundo o Estadão, ao contrário dos alimentos, a ‘cesta básica’ do crime - fuzis, carabinas e pistolas - está até 65% mais barata com a liberação das armas, legalmente compradas via CACs.

Este mês, por sinal, a PF apreendeu 10 pistolas com numeração raspada e um fuzil T4 dentro de um caminhão em Uberlândia (MG), onde também foram encontrados 65 tabletes de pasta base e de cloridrato de cocaína. Que tal?

Assim como a cloroquina, da qual o mandatário continuou a fazer propaganda após a PGR arquivar as denúncias da CPI da Covid contra si, quanto será que ele leva desse liberou geral das armas e dos fuzis?

Só nos últimos três anos houve um aumento de 325% nos registros de licenças para aquisição de armas, conforme estatísticas dos CACs. 

O grupo Proarmas, por sinal, lança 34 candidatos em outubro e trama criar um partido, segundo o Estadão.

Nesse ritmo, a praga das matanças que prolifera nos EUA pode não demorar a chegar por aqui. E não haverá cidadão de bem capaz de conter o novo drama a ser criado pelo capitão.