Despachante de milicos

 

O plano de explodir bombas em quartéis e na adutora do Guandu – que abastece o Rio de Janeiro e parte da Baixada Fluminense -, em 1986, tirou o mandatário do anonimato.

Ele acabou absolvido meses antes de sair do Exército, quando começava a atrair uma mítica fascinação pelos ex-colegas de farda, apesar de taxado “mau militar” por Ernesto Geisel.

Daí em diante, a trajetória como deputado, pela variada gama de partidos por onde passou, sempre teve um alvo principal: beneficiar os interesses corporativistas dos militares.

Dos 171 projetos apresentados no Parlamento, apenas dois foram aprovados. 53 deles, ou 32%, destinavam-se à caserna. Virou um tipo de despachante oficial de milicos e, em seu discurso no impeachment de Dilma Rousseff, deixou claro o seu lado, ao elogiar o torturador Brilhante Ustra.

Além de não perder uma formatura, após empregar mais de seis mil militares em cargos civis e de se cercar de generais no Palácio, nada mais natural que o ex-capitão exija reciprocidade. Quer a tropa a seu lado para o que der e vier. Afinal, tem dedicado sua vida aos verde oliva.

Como se sabe, seus planos eram juntar aliados fanáticos de Copacabana com o desfile armado do 7 de setembro na Av. Atlântica. Não deu certo. As Forças Armadas deram para trás, ao apurar que havia riscos de violência no explosivo encontro.

E, após a posse do ministro Alexandre de Moraes na presidência do TSE, os ataques às urnas eletrônicas e aos ministros de toga sumiram. O que será que o gado acha disso?

Disse até que aceita o resultado do pleito se não for reeleito.

Sabe-se, pelo colunista Lauro Jardim, que o Presidente aguarda que Moraes acolha sugestões impostas pelos militares no processo de apuração eleitoral para manter a bola baixa.

O Congresso, ou, mais exatamente, Arthur Lira, garantiu todas as possibilidades de compra de votos, com a PEC Eleitoral e a queda do preço dos combustíveis, que no ano que vem cobrarão a fatura. Agora, tenta novo impacto de queda nos preços dos alimentos junto ao setor produtivo.  

As duas mais recentes e confiáveis pesquisas de opinião, do Idec e do Datafolha, porém, ainda acenam com uma chance de vitória de Lula no primeiro turno. Se bem que novos levantamentos, após o aumento do Auxílio Brasil chegar no bolso dos mais pobres, possam mudar o cenário.

Especialistas não veem tempo para o Presidente se recuperar. Resta saber como fica seu humor daqui para a frente...