Quando o 'limpo' é o sujo

 

Arthur Lira, o presidente da Câmara que não se cansa de exibir seu talento para tratorar jogos sujos – como a PEC Kamikaze que permitiu a compra de votos pelo mandatário – acusa sua ex-mulher, Lullyene Lins de praticar...jogo sujo!

Candidata a deputada federal pelo MDB de Alagoas, Lullyene entrou com um pedido na Justiça Eleitoral para impedir que seu ex concorra a um novo mandato, para o qual, ele já articula a permanência na presidência da Câmara.

Lira poderia vir a ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

E adivinhem o que motivou o gesto? Acertou quem disse a velha conhecida do clã Bolsonaro: as 'rachadinhas'.

Em 2007, o deputado foi condenado em segunda instância em Alagoas por se apropriar de parte dos salários de seus funcionários, e pela inclusão de falsos funcionários na folha de pagamento. Ele teria movimentado em sua conta cerca de R$ 9,5 milhões entre 2001 e 2007, segundo a denúncia.

Só que o parlamentar apelou ao STJ para anular sua condenação, que causaria a perda de seus direitos políticos. Seu argumento foi o de que o prazo de prescrição do crime de improbidade foi reduzido pelas mudanças na lei aprovadas em 2021 pelo Congresso, sancionada pelo mandatário.

Isso quer dizer que a prática, cometida durante seis anos consecutivos, não passou de miragem. Assim como ocorreu em relação a Flávio, Carlos e ao próprio Presidente da República. Afinal, ‘rachadinha’ é algo tão comum...

“Todos sabem que essa é mais uma ação articulada por adversários políticos em Alagoas, que buscam utilizar desse jogo sujo para tentar desestabilizar uma candidatura respeitada e que a cada eleição cresce na preferência popular”, reagiu o rei da maracutaia à ousadia de sua ex.

E, do alto da sua honradez, acrescentou que vai processar “toda e qualquer tentativa de mentira vindo da ré ou de quem a utilize para propagar propósitos escusos”.

A mais nova ameaça que sofreu foi a prisão de seu aliado, o prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves. “É a primeira do orçamento secreto”, apontou o inimigo Renan Calheiros. 

Ignorar os mais de 100 pedidos de impeachment do dirigente, por outro lado, está entre as suas especialidades, além da aprovação da PEC Kamikaze e da redução do ICMS dos estados para baixar na marra o preço dos combustíveis. Cujas consequências serão sentidas em 2023.

Sujos, para ele, são os outros. 

Lira se acha exemplo de honestidade, visão e patriotismo. Se o Presidente está em baixa nas intenções de voto, vale tudo para garantir sua permanência no poder e, sobretudo, a continuidade das emendas secretas. 

Maquiavel perde...