Um país irreconhecível
Às vésperas do debate de amanhã na Band, o ainda
relutante Presidente e o líder petista confirmaram presença. Já tivemos uma
amostra do desempenho de ambos na entrevista do JN, da inabilidade do “no
tocante ao”, àquele que refere-se ao adversário como o “bobo da corte”.
Isso por ter perdido o controle do governo para o Centrão. Nem no
orçamento ele consegue mandar.
Lula nem fez faculdade e sua espontaneidade, ao vivo e a cores, é um
massacre para o concorrente. Que sabe disso. Não vejo a hora de degustar esse confronto...
O que já se pode dizer, porém, é que nunca, desde a redemocratização, um
pleito foi tão ameaçador. Começamos pela proibição de celulares na cabine de
votação. Isso porque perdeu-se o controle do tsunami de fake news.
Pior, desde que o petista Marcelo Arruda foi assassinado a tiros pelo
bolsonarista Jorge Guaranho na festa de seus 50 anos, as eleições passam a
ostentar um sinal de alerta.
Os cidadãos que vestem camisas diferentes, antes adversários capazes de
resolver seus dilemas na mesa do bar, foram alçados a inimigos que se enfrentam
até a morte.
O TSE também proibiu o acesso ao posto eleitoral a quem portar armas, multiplicadas pelo capitão.
Pelo andar da carruagem, contudo, o ideal seria proibir o porte nas
ruas naquela que tinha sido, até então, a festa da democracia.
Isso sem falar nas constantes ameaças de golpe caso o mandante não seja
reeleito, em sua permanente campanha para desacreditar as urnas eletrônicas,
“orgulho nacional”, como tão bem definiu o ministro Alexandre de Moraes.
Após o sequestro de nossas bandeiras verde e amarelas, o mais novo
esporte presidencial é transformar nosso Bicentenário de Independência em ato
de campanha pela reeleição, com direito a aviões nos céus, navios no mar e
tratores do agronegócio ogro na orla de Copacabana.
Nesse cenário digno de Spielberg, o amor e a compaixão viraram ódio. O
medo impera.
Eleitores da oposição são intimidados. Que se cuide quem sair às ruas no
2 de outubro com camisetas ou bandeiras vermelhas. Corre o risco de virar alvo
de minions.
Não consigo reconhecer o país que virou o Brasil. Espera-se que a metamorfose se restrinja a esses quatro últimos anos de pesadelo, em que a turbulência ganhou as ruas e a comida sumiu do prato de 33 milhões de brasileiros.
O que, por sinal, o Presidente duvida: "Não existe fome para valer". Mais uma tentativa de enganar o gado...
Tata Rodrigues Rodrigues
ResponderExcluirUm texto perfeito, parabéns Celina!!
Obrigada!
ExcluirMarcos Eduardo Neves
ResponderExcluirPerfeita análise!
Regina Costa
ResponderExcluirPior presidente da história do país, só destrói, no dia da independência, o cara faz comícios, da nação.