Mico e golpismo de perdedor

 

Além do mico de bater nas costas do rei Charles III com um sorriso escancarado – a regra de não tocar um soberano foi ignorada pelo mandatário -, e do comício que invadiu o luto dos britânicos, o capitão afirmou que haveria algo de errado com o TSE se não vencesse em primeiro turno.

Um inédito golpismo para a primeira etapa eleitoral.

Isso não chega a surpreender para alguém que mente um dia sim e outro também, em afirmação tão cara de pau diante das previsões dos mais sérios institutos de pesquisa. Como se viu, no último levantamento do Datafolha o Presidente caiu para 33%, enquanto Lula manteve os 45%.

Na pesquisa de ontem do Ipec, Lula subiu para 47%, enquanto o mandatário permaneceu com 31%. Ou seja, se tiver segundo turno, seria mérito de Ciro Gomes e Simone Tebet, com 7% e 5% respectivamente.

A chance de vitória de Lula no primeiro turno é real.

Para piorar, o apoio de Henrique Meireles ao líder petista sugere harmonia entre a política fiscal e monetária de Lula. Mesmo que possa não significar mais votos, representa alívio ao mercado, refletido ontem na queda do dólar e otimismo.

Meireles estava entre ex-colaboradores de Lula que reuniram-se ontem para tornar público seu apoio, encontro que reuniu ainda Cristovam Buarque – ex-ministro da Educação demitido pelo petista Lula pelo telefone – e Luciana Genro.

Apesar da PEC da Reeleição, com o Auxílio Brasil turbinado, foi o ex-presidente quem conquistou 58% do eleitorado com até um salário, enquanto o Presidente ficou com 20%.

Para analistas, a população vê os benefícios oferecidos pelo governo como passageiros, enquanto Lula se consolida como alguém capaz de resolver os problemas dos mais pobres.

Logo após o anúncio da pesquisa do Ipec, Fábio Faria, ministro das Comunicações, fez coro ao golpismo do chefe: “TSE, anote os resultados encontrados pelo Ipec, instituto que terá de ser fechado depois do primeiro turno”.

Quer dizer, a tão propalada virada do governo nas intenções de voto não acontece, nem com a sequência de medidas inconstitucionais tomadas nos dois últimos meses. 

Como disse o Sensacionalista, o Presidente foi à despedida da rainha Elizabeth para anunciar o enterro de seu governo.