Avanços via golpes baixos

 

Apesar da repetição pelos analistas políticos de que o Presidente não tem mais de onde cavar milagres, ele segue conseguindo comer pelas bordas nas pesquisas de opinião. No último Ipec, por exemplo, cresceu entre os mais pobres.

Motivo? Credito consignado.

Sim, essa mágica multiplicação do Auxílio Brasil, que de repente engorda o caixa sem que ninguém – ao menos os que nada sabem de finanças – saiba como. Embora também não saiba que vai pagar um preço caro pela ‘ajuda’ logo adiante.

A perversidade é tanta que nem os grandes bancos, como o Itaú e o Bradesco, compactuaram com o golpe tão abaixo da cintura. Que já traz os resultados desejados.

E o clima que pintou com as adolescentes venezuelanas, de um homem sexagenário e poderoso que, se estivesse lidando com prostitutas menores de idade deveria denunciar. Porém, preferiu ver no que poderia dar.

Quem apaga o incêndio?

Primeiro o ministro Alexandre de Moraes, que resolveu mostrar o quão equilibrado é ao proibir a divulgação do escândalo pela campanha petista - que era verdade, assim como o do canibalismo, também proibido - a tempo de salvar o capitão do massacre que seria o debate de domingo.

E também a Primeira-dama, que tentou limpar a barra do maridão com ajuda da mentirosa mor, a pastora agora senadora, em encontro secreto – tão secreto quanto o orçamento – com lideranças comunitárias venezuelanas. Seguido de desculpas esfarrapadas.

E assim avançam as intenções de voto. Também poupadas da figura do general e vice candidato, antídoto ao impeachment, cujos vencimentos milionários – bem como os de seus pares palacianos fardados, autorizados a somar as aposentadorias aos salários por decreto do capitão – são um acinte à honestidade e à ética.

Na retaguarda, a recém formada dupla Ciro Nogueira/Sérgio Moro, capaz de qualquer coisa para tirar casquinhas - ou muito mais que isso - do poder. Nogueira, que já foi aliado de Lula e chamou o capitão de fascista, achou o melhor emprego do mundo: dono do Orçamento da União.

E o ex-paladino da justiça, que nem tenta disfarçar as causas de sua aversão ao petismo, não tem o menor pudor em voltar aos braços daquele que já nomeou de corrupto e ladrão. Afinal, a aliança pode lhe render uma vaga no STF ou quem sabe até a volta à competição à presidência em 2026.

Sobre tudo isso aponto dois culpados: Fernando Henrique – apesar de todo o seu acerto com o Plano Real -, ao forçar a barra da reeleição. E Ciro Gomes que, assim como Zema, foi incapaz de ver os riscos que a continuidade do mandatário representa à democracia. Ninguém merece!