Corrupção começa dentro de casa
Foi Ana Cristina Valle, a ex-mulher do Presidente e mãe do 04, Jair
Renan, quem inspirou a jornalista Juliana dal Piva a titular “O Negócio do Jair”, o ótimo livro que começou a escrever desde que ela passou a cobrir a campanha do
capitão, em 2018.
As tais ‘rachadinhas’, consideradas pelos defensores do mandatário
como um mal menor, impulsionaram a multiplicação do patrimônio do clã, em transações em espécie.
“É, sim, um esquema de corrupção
e desvio de dinheiro público”, garante a jornalista ao Congresso em Foco. O
patrimônio de quando Jair elegeu-se vereador eram um Fiat Panorama, dois
terrenos e uma linha telefônica.
Evoluiu para duas casas na
Barra, outra em Mambucaba, em Angra dos Reis, e um apartamento em Brasília.
Andréa Siqueira Valle, irmã de Ana Cristina, disse devolver todo mês
R$ 7 mil de seu salário. “Andréa foi funcionária fantasma da família por cerca
de 20 anos”, aponta dal Piva.
Hoje, tanto Flávio quanto Carlos são investigados por ‘rachadinhas’. Há
também uma ação no MP de Brasília contra o Presidente pela história de
Walderice da Conceição.
A Wal do Açaí seria funcionária fantasma do gabinete de Jair quando
deputado federal. Sua real função era a de caseira em Mambucaba, na casa de veraneio do clã.
A expansão patrimonial só começou após o casamento com Ana Cristina Valle, a segunda mulher. Durante a relação os dois adquiriram juntos 14 imóveis,
cinco deles em espécie. Na separação, ela declarou a renda do ex em R$ 100 mil.
Em sua declaração como candidato à reeleição, o Presidente incluiu duas
casas no condomínio Vivendas da Tijuca, a sua e a outra onde vive o filho Carlos.
Além da casa em Mambucaba e um apartamento em Brasília, que valeriam R$ 3
milhões.
“Se juntar os filhos, as irmãs e
irmãos e a mãe, já falecida, do capitão, eles negociaram ao longo de três décadas
107 imóveis, 51 deles parcialmente em espécie”, acrescenta a jornalista.
Segundo dal Piva, o mandatário tenta enganar como sendo um
homem humilde, com pouco patrimônio, assim como a famiglia. Ela cita o exemplo do
primogênito, que “comprou uma mansão de R$ 6 milhões (foto) no mesmo mês em que ele
foi denunciado também por um desvio de R$ 6 milhões”.
Esse é o líder de um governo, segundo o próprio Jair, “sem corrupção”. Só
que ela começa dentro de casa.
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