Golpe eleitoral frustrado

 

O chanchada de Roberto Jefferson seria o enredo de um golpe eleitoral frustrado. Quando ele fez a escancarada provocação à ministra Cármen Lúcia – como advogado criminalista que é – sabia que seria preso. E teria planejado receber a PF a tiros, quem sabe ser ferido e assassinado para virar mártir da liberdade de expressão bolsonarista.

Segundo Otávio Guedes, quando a PF chegou, ele disse que se entregaria, o que relaxou quaisquer defesas dos policiais antes do tiroteio iniciado pelo advogado. O que aumentou ainda mais seu potencial explosivo.

A filha Cristiane Brasil postou nas redes que "Xandão estava assassinando seu pai". Teria o papel da facada em 2022.

Havia uma convocação para que bolsonaristas acompanhassem a cena do lado de fora. Para Fernando Gabeira, Jefferson teria planejado o próprio assassinato para sacudir a estabilidade das pesquisas na reta final. Tempestade perfeita a poucos dias do pleito que deu ruim.

Isso por que os policiais não teriam embarcado nessa canoa golpista. E Roberto Jefferson foi conduzido à prisão sem um único arranhão. A última conversa do policial com o preso, cheio de delicadezas, configurou o aparelhamento. O detido deveria ser algemado e conduzido ao camburão.

O plano, portanto, falhou. “Jefferson planejou o gran finale para desconstruir as eleições”, avalia Gabeira.

O Presidente, por sua vez, só criticou os comentários do antigo aliado sobre a ministra do STF após as cenas de bang bang, quando passou a chamá-lo de “bandido”.

Só que antes disso havia concordado com a proposta de Jefferson de enviar o Ministro da Justiça para mediar a crise. Por que um preso requer esse tipo de presença?

Entre a concordância e o desfecho, Anderson Torres estava perto da casa em Levy Gasparian, porém, não chegou até lá e administrou o caos de longe.

Provavelmente pela interferência da campanha presidencial, que criticou a concordância inicial do mandatário, porque traria a crise para dentro do Governo.

Especula-se até que Jefferson sabia que seria preso e já contava com um indulto presidencial, assim como aconteceu com o aliado Daniel Silveira, também do PTB. Só que essa certeza dependeria  também da reeleição. 

Ontem, a pesquisa Ipec manteve a distância de sete pontos dos votos válidos entre os dois candidatos (50% para Lula e 43% para o adversário), algo muito difícil de ser revertido em meio aos últimos três fatores contrários à reeleição que apareceram nessa reta final: 

O “pintou um clima”; os planos de Paulo Guedes de congelar o salário mínimo que afetarão 80 milhões de brasileiros e o bang bang de Roberto Jefferson.