Quando o crime compensa

 

Mesmo que se desconsidere as mágoas de uma ex-mulher, são estarrecedoras as denúncias da dentista Andrea Barbosa sobre Eduardo Pazuello – o ex-ministro da Saúde, deputado com a segunda maior votação do Rio de Janeiro.

Nesse momento de amnésia coletiva sobre a tragédia que se abateu sobre os brasileiros na pandemia, pela mais absoluta ausência de gestão – para não falar negacionismo –, Andrea revelou que “Manaus foi feita de laboratório para testar a imunidade de rebanho".

Será que as pessoas conseguem esquecer a tragédia que se abateu sobre a cidade, com gente morrendo de asfixia pela falta do oxigênio não providenciado por Pazuello?

Andrea estava na capital amazonense na época da crise de oxigênio e publicou em sua rede no Instagram: "Nunca vou perdoar esse governo e quem compactuou com ele". 

A ex revelou ainda que a "cloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz, era prescrita até para grávidas em estado febril pelo aplicativo TratCov". Apesar do clima de terra arrasada, Pazuello, segundo Andrea, ainda promoveu uma festa regada a uísque nesse tenebroso período. 

"Eu surtei. Eu falava que o que ele estava fazendo era crime, que ia ser responsabilizado. Que era negligência sim, que tinha gente morrendo um quilômetro abaixo da casa dele no momento que ele estava dando uma festa”, revela.

Ela disse ter conhecimento desse detalhe mórbido pela testemunha da filha do casal.

Andrea lembra a reação do ex-marido ao telefone, depois que ela criticou sua postura:

"Ele começou a me fazer de louca. Dizia assim: "você não tem nada a ver com isso. Eu tenho uma preocupação sim, eu estou preocupado em comprar os sacos pretos".

Enquanto as pessoas morriam asfixiadas e dezenas de pacientes agonizavam, o ex-ministro limitava-se a dizer que não havia nada a fazer, segundo a dentista.

"Eu estava lá quando milhares de caixões eram enterrados em valas porque o cemitério já não tinha espaço e o presidente dizia que não era coveiro e não tinha nada com isso”.

“Vi gente de muito dinheiro morrer sem oxigênio, assim como gente que não tinha o que comer morrer pelo mesmo motivo e não ter recursos para enterrar seu ente querido", completou.

Foi o pior momento da pandemia que, por esses e outros motivos, matou quase 700 mil brasileiros. Só quem não se deu conta disso foram o Presidente - que chegou a ridicularizar pessoas com falta de ar - e seu general, que deveria ter cuidado da saúde dos brasileiros.

E daí?