Até onde vai a impunidade?

 

E então, Maria Christina Mendes Caldeira, aquelas ameaças a seu ex, Valdemar da Costa Neto, eram fogo de palha ou será que ele te comprou? Como se viu, o cacique do PL pediu a anulação de 59% das urnas. Só no segundo turno, porque no primeiro essas mesmas urnas elegeram 99 correligionários.

Esse golpismo desesperado – no qual se inclui o ministro Augusto Nardes, que tratou de se esconder atrás de uma licença médica após divulgar a tal agitação nas casernas – chega a ser patético. E só faz escalar em mais violência.

Acompanhamos todas as etapas, a compra de votos que estourou o mesmo teto de gastos do qual o mercado só reclama agora, as tentativas de atrapalhar nordestinos, potenciais eleitores de Lula, o caos nas estradas, as manifestações em frente aos quartéis – toleradas apesar do teor terrorista, por não partirem da esquerda.

Nada deu certo. Claro que continuam a tentar.

Seria muito difícil ao capitão contestar o mesmo pleito que elegeu com folga seu filho Eduardo, o bolsonarista Tarcísio de Freitas em São Paulo e a fanática Carla Zambelli. Tanto assim que ele se calou, embora deva estar agitando por debaixo dos panos, para apoiar algo em que não pode aparecer.

Sob o risco de ficar inelegível.

O ex-presidiário Costa Neto – a quem o mandatário jamais se referiu como sempre se refere a Lula – foi tão cara de pau que atacou as mesmas urnas que elogiou em vídeo de setembro de 2021, como lembrou o colunista Bernardo Mello Franco.

Dirigindo-se aos bolsonaristas que pediam a volta do voto impresso, disse o parlamentar: “Não se trata de ser contra ou a favor de Bolsonaro e sim de defender os interesses do país”.

E agora, que a eleição do aliado escapou das suas mãos, apela com essa esdrúxula proposta de anulação de uma provável maioria de urnas do Nordeste. Apesar de já ter confessado a Gilmar Mendes que é jogo de cena para agradar ao capitão.

A sorte é que temos o Xandão - de quem bolsonaristas pedem a prisão - à frente da justiça eleitoral. Não só rejeitou a ação, por não incluir o primeiro turno, como multou o fundo partidário do PL em R$ 22 milhões por "litigância de má fé".

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, deixou claro: “O resultado e o relatório de urnas válidas são os de 30 de outubro. Esse fato é inquestionável”.

Enquanto isso, o Estado aparelhado age como cúmplice. Até onde vai a impunidade à escalada de atos terroristas?