Bolsonarismo pode morrer sem lider

 


Getúlio, Adhemar de Barros, Jânio Quadros, Brizola, Garotinho, Lula e Bolsonaro têm algum em comum: o populismo. É o que lembra o cientista político Miguel Lago (foto) em entrevista à jornalista Flávia Tavares, no Meio. Para ele, o populismo serve bem ao extremismo reacionário.

“O movimento populista é, em primeiro lugar, popular”, diz.

Lago enumera entre as características do populismo a visão da política como conflito, não como consenso. “Você divide a sociedade entre elite e povo”, explica, conceitos diversos para Lula e Bolsonaro, para quem, a elite é a administrativa, intelectual, cultural, enquanto o povo, os cidadãos de bem.

“A coisa doida do Bolsonaro é que ele consegue colocar o MST na elite e o latifundiário no povo.” Com seu devido traço de transgressão institucional.

Já Lula se aproxima mais de Getúlio: essa divisão se dá entre os pobres e os ricos.

Segundo Lago, a hiper segmentação atual contribui para que o discurso populista prospere e prevaleça. O capitão é produto disso, mas Lula não. “Bolsonaro trouxe de volta o medo do comunismo que não tem nada a ver com Lula, em nenhum momento da sua história.” Como fez o general Olímpio Mourão Filho na implantação do Estado Novo, em 1937,  

O especialista lembra que o mandatário conseguiu fazer com que os lavajatistas não acreditassem mais na imprensa nem na Justiça. “Ele conquista aquela audiência e a isola de outros canais, dizendo que tudo é mentira e a única verdade é a que vem dele e de seus satélites. E isso não é pequeno.”

Mobiliza afetos como o ressentimento, a raiva, o ódio e preconceitos, explorados nas redes sociais, sua principal plataforma. “É ali que está grande parte das disputas políticas que Bolsonaro inventa. Não à toa está tão calado” (por ausência de fatos, como a fake news da ação de Valdemar da Costa Neto contra as urnas eletrônicas).

"O bolsonarismo se infiltra em todas as relações afetivas e existe sempre alguém sobre quem você pode exercer poder." Cita o exemplo de um trabalhador explorado que passa o dia no aplicativo, chega em casa e bate no filho, na mulher. Desconta nos mais frágeis.

O capitão não promete melhorar a relação com o aplicativo, com o patrão, o banco, “ mas vou deixar você bater no seu filho. Não vai ter conselho tutelar ou ONG para te impedir de descontar e exercer o poder sobre o teu filho e tua mulher”.

Libera geral. Lago não vê o mandatário como porta-voz desse movimento. “Ele é seu líder. Se ficar sem falar com essas pessoas, o movimento se desarticula”, acredita.

Será?

 

Comentários


  1. Alcebiades Abel Filho
    Veja bem, o que sempre vejo que esse conteúdo político chamado populismo é uma ferramenta estratégia ou uma logística para penetrar nas canadas populares e não se preocupa com o que seria essencial: politizar a população. O analfabetismo político é a MARCA REGISTRADA de uma parte bem elevada da sociedade brasileira. É uma sociedade que vota por emoção e não convicção. Depois de mais de duas décadas de ditadura construímos uma CONSTITUIÇÃO CHAMADA CIDADÃ e nunca foi sugerido por nenhum congressista institui O DIA DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA como FERIADO NACIONAL. Tinha que ser obrigatório o estudo da constituição em toda trajetória de ensino neste país do ensino fundamental e básico até as UNIVERSIDADES . Percebe-se que os nossos "representantes " não tem a mínima preocupação de exaltar esse tema. Terminada as disputas eleitorais os partidos de direita, esquerda,centro etc, terão o mesmo tipo de comportamento. Entram na ciranda viciosa de disputas e intrigas em buscas de seus interesses com acordos e conseções uma verdadeira CAIXA PRETA que o eleitor não tem conhecimento. Essa é a nossa triste realidade política deste país, infelizmente.

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  2. Felipe Yoshio Cordeiro de Souza
    Esqueceu do Maluf

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  3. Será? Já, já aparecerá um aloprado reivindicando essa liderança.

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  4. Alcebiades Abel Filho
    Celina Côrtes é preciso parar, pensar questionar e refletir. Na realidade a classe política em todos os seus segmentos teme a participação popular.

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  5. Cristina Amorim
    Muito interessante essa abordagem. Dialoga muito com a Psicologia Analítica, dr Carl G. Jung, quando se debruça sobre as dinâmicas psíquicas coletivas conscientes e inconscientes.

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