Clima de velório

 

Parece que a erisipela já melhorou, porém, o capitão foi parar no hospital das Forças Armadas na noite de quinta-feira, com diagnóstico de uma nova hérnia no mesmo local da facada. Embora aliados sustentem que ele deva voltar em breve à cena política, o governo está paralisado desde a derrota. 

Segundo ministros ouvidos pela colunista Bela Megale, a gestão está em 'modo de estagnação', o que espanta aliados acostumados com o comando centralizador do mandatário. 

"Nada anda, o governo parou. E ainda falta mais de um mês de trabalho. O clima de velório não passa" — disse à jornalista um integrante da alto escalão. 

Enquanto o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, planeja viagens do correligionário e ainda Presidente para costurar apoio de prefeituras pelo país, aliados desconfiam que a aliança com a sigla possa não ter vida longa. 

Isso porque o capitão está em seu nono partido, e logo após a eleição de 2018 brigou e se desfiliou do PSL, atualmente transformado em União Brasil após a fusão com o DEM. Saiu rompido com o presidente Luciano Bivar e arrastou com ele aliados que deixaram para trás o maior fundo eleitoral.

O novo atrito pode ocorrer caso o PL manifeste alguma aproximação de Lula, o que não é impossível. 

O prolongado silêncio do Presidente desde a vitória de Lula tem sido duramente criticado tanto pela ala política do governo quanto pela cúpula do PL, nesse momento em que ele deveria marcar sua oposição ao vencedor.   

O único apoio, como se sabe, vem dos celerados que continuam batendo ponto à frente dos quartéis e interrompendo o trânsito em estradas - mesmo com a falta de uma voz de comando -, com apoio de empresários e do agro. 

O capitão negar o resultado das eleições significa ir contra o pleito que elegeu seus filhos que, ao contrário do papai, mantêm o foro privilegiado. Talvez um dos motores dessa depressão toda tenha sido a ficha da derrota não ter caído e ele não ter se blindado melhor de um futuro atrás das grades.