O Brasil voltou

 

Após ausências às COPs e a carta branca à destruição de nossas florestas, “o Brasil voltou”. Após encontros internacionais em que a refeição foi pizza na rua para não contaminar os demais, lacuna que volta a se repetir na reunião do G20 – será a erisipela? – voltamos a ter voz.

O discurso de ontem na COP27, entremeado por aplausos e improvisos – mesmo quando lia falava com a alma, ao contrário daquela pobreza de “no tocantes”, desprovida de conteúdo – Lula respondeu à pergunta que ele disse ter se repetido: “O mundo sente saudades do Brasil”. Não mais.

Para o New York Times, o líder petista "eletrizou o encontro".

À parte a falta de cuidado na viagem de carona em jatinho de empresário condenado pela Lava Jato, ele – cujo discurso foi antecedido e finalizado pelo coro “olé, olé olé olá, Lula” -, estava à vontade, com visível conhecimento de causa. Pronto para recuperar o atraso e o protagonismo do país.

Associou a luta contra o aquecimento global à luta contra a pobreza e deixou bem claro: “Não mediremos esforços para zerar o desmatamento e a degradação de nossos biomas. O combate às mudanças climáticas terá um alto perfil na estrutura do próximo governo”.

Propôs que a COP25 não apenas se realize no Brasil, como nos estados Amazônicos, e associou a palavra esperança à ação imediata, com a urgência necessária para tornar o mundo, tão ameaçado, um lugar mais habitável.

Lembrou que a eleição brasileira foi acompanhada de perto por vários países, porque o resultado poderia ajudar a conter o avanço da extrema direita e do negacionismo climático, que ditaram as regras nos últimos quatro anos no Brasil.

E deixou bem claro que este Lula que voltou será muito mais cobrador, sobretudo da promessa feita pelos países desenvolvidos em 2009, na COP15, em Copenhagen, de mobilizar US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020 para ajudar os mais vulneráveis a enfrentar as mudanças climáticas. "Dois anos já se passaram a nada aconteceu."  

O tempo do Brasil pária acabou. É bom que caia a ficha dessa multidão reacionária que continua negando que o governo do capitão ficou no passado, quando nossas florestas caminhavam para ser totalmente dizimadas.

Voltamos a entrar no jogo. Para trazer resultados. Para estancar a destruição e em 2030 atingir o desmatamento zero. Em algumas áreas nem será preciso replantar. É só deixar as florestas se regenerarem, como já defendem os cientistas.