O país dos golpes militares
Acabamos de sair da beira de mais um golpe militar – nas últimas tentativas, o
capitão não conseguiu a adesão das Forças Armadas ao adiamento do pleito pelas
propagandas que deixaram de ser veiculadas, ou com o relatório da Defesa, que acabou
por atestar a lisura do pleito.
Hoje, porém, comemoramos nosso primeiro golpe militar: a proclamação da República. Como
cabe à nascente república de bananas, Deodoro da Fonseca (imagem acima), o líder militar da empreitada era monarquista. E amigo do imperador.
Líderes do
movimento eram vinculados ao Exército, como o tenente-coronel Benjamin
Constant, e à teoria positivista de Auguste Comte. Em seu primeiro ano de
governo, Deodoro dissolveu o Congresso e instituiu o Estado de Sítio.
No lugar de
Deodoro, que renunciou ao cargo por pressões da Marinha, assumiu o vice,
Floriano Peixoto, com seu perfil ditatorial, mantido mesmo com a reabilitação do
Congresso.
Passaram-se
apenas 41 anos de 1889, quando os fardados protagonizaram novo golpe. O
indicado de Washington Luís, Júlio Prestes, foi eleito em pleito fraudado. O derrotado
era Getúlio Vargas, candidato da Aliança Liberal.
Chefes
militares sabiam que a simpatia da jovem oficialidade e da população estava com os rebeldes ligados à oposição. Depuseram o presidente eleito e passaram o
governo a Getúlio, que liderava o movimento revoltoso.
Em 1937, o
general Olímpio Mourão Filho forjou o Plano Cohen, fake news da época sobre a
revolução comunista que ocorreria no país. Com esse golpe nasce o ditatorial
Estado Novo, que suspendia os direitos constitucionais.
Getúlio
decretou o fechamento do Congresso, cancelou as eleições de 1938 e conseguiu
sustentar sua ditadura – chegou a se aliar a Hitler e Mussolini na Segunda Guerra
- até 1945.
Cancelou as
eleições presidenciais que seriam realizadas em janeiro de 1938, golpe que permitiu
a sobrevida da ditadura varguista até 1945.
Até a nova
investida, em 1964, com o movimento que propunha preservar a democracia. Tornou-se, entretanto, a ditadura de 21 anos
que também fechou o Congresso, perseguiu, torturou e matou inimigos. Impunemente.
E agora,
durante os quatro anos de (indi) gestão do capitão, assistimos a seus acenos e
benesses às Forças Armadas, para que pudesse dispor delas quando bem entendesse.
E a hora "H" foram as tentativas de fraudar as eleições, convidando as Forças Armadas
para o banquete. Um golpe sem tanques nas ruas. Avalizado pelos generais de
estimação e os mais de seis militares que passaram a ocupar funções civis.
Um deles,
como se viu, foi o general Pazuello, no cargo mais crucial ao país na
trágica pandemia. Coadjuvou um incontável número de óbitos, sob a negação
das vacinas, a adoção da cloroquina e o desdém à urgência de oxigênio.
Agora está blindado pelo foro privilegiado, escancarada mordomia concedida ao segundo deputado mais votado do Rio, nesse país sem memória.
Contudo estaremos sempre a postos, na espreita de quando poderá vir o próximo golpe verde oliva.
Meri Laite
ResponderExcluirEsses fardados...
Existem militares e milicos, cada vez mais esses que aqueles
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