"Não existe registro de nada"

 

São de estarrecer os comentários conclusivos do vice-presidente eleito, Geraldo Alkmin (foto), sobre o processo de transição que comandou. "Desde que entrei na vida pública, nunca vi nada parecido".

As constatações só endossam as piores impressões deixadas pelo capitão nesses quatro anos, as mais graves delas durante a pandemia, porque significaram a morte de muitos que ainda poderiam estar vivos.

“A impressão que se tinha é de que não havia gestão e que tudo era decidido aleatoriamente".

Não foi a toa que o que mais se via eram motociatas, enquanto os problemas do país pareciam inexistentes. “Há documentos desaparecidos, há apagões de dados que sempre existiram em governos anteriores e há rombos financeiros inexplicáveis".

“Simplesmente não existe registro de nada", sintetizou.

Também não surpreende que o mandatário não tenha o que citar sobre os ganhos trazidos ao país durante seu governo. Na falta do que dizer, o principal era o Pix, trunfo do BC. Bolsonaro era apenas o presidente de plantão.  

E, para quem manobrava as redes sociais com grande conhecimento de causa, outra surpresa de Alkmin:  “Os dados dão a entender que o governo Bolsonaro aconteceu na Idade da Pedra em que não havia palavras ou números".

Sobre isso, exemplifica: “Há sistemas governamentais que não são abastecidos desde 2020 e ninguém tem explicação".

A consequência dessa (indi) gestão é a falta de informações para viabilizar o início da próxima administração.

"A verdade é que o governo Lula não tem como saber o que precisa ser feito com base nos indicadores porque eles não existem. A política pública terá que ser criada do zero”.

Significa que “tudo terá que ser feito no feeling e, possivelmente, haverá erros por culpa da falta de dados".

Se há uma alguma vantagem nesse verdadeiro blackout, só os termos de comparação: “O desempenho do governo Bolsonaro foi tão ruim que qualquer trabalho mais ou menos será melhor. Não é difícil superá-lo".

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O ministro Bruno Dantas, recém empossado como presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) para o ano de 2023, foi em linha semelhante em seu discurso. “O Brasil viveu nos últimos anos um retrocesso e meu mandato terá como prioridade alavancar as políticas públicas para redução da desigualdade econômica e social.”

Nesse sentido, Dantas considera a fiscalização do dinheiro de programas de políticas públicas como a principal ferramenta. 

O ministro reforçou o que vimos este ano, quando 33 milhões de brasileiros entraram para o mapa da fome – dado negado tanto pelo capitão quanto por seu Ministro da Economia.

Dantas não só lembrou que a fome e a pobreza voltaram a atormentar o país em níveis elevados, como citou as mulheres, crianças e pessoas negras como as maiores vítimas.

E ainda concluiu o óbvio: patriotas não destroem o patrimônio público, em referência ao vandalismo ocorrido no dia da diplomação de Lula.

Os 'patriotas', por sinal, nem têm como saber dessas informações, porque só se abastecem de fake news.