Se correr o bicho pega

 

Quando o capitão fugiu para os EUA, para não ter de dar posse ao sucessor, talvez sonhasse em voltar como presidente, se todos os planos dessem certo. Impossível negar que ele soubesse do 8 de janeiro, embora tudo tenha que ser provado.

E tanto sabia da minuta encontrada no armário de Anderson Torres, que disse se tratar de um documento apócrifo, como de fato era, que nunca foi usado. Sabe-se lá por quê.

Entre a invasão do Congresso e o documento, ele avisou a seguidores, nos EUA, que o melhor ainda estava por vir. Apesar de econômico em suas falas, ele deixou pistas aqui e ali sobre as suas reais intenções.

Só que Bolsonaro cada vez se enrosca mais. Além de a PGR - antiga aliada incondicional - ter autorizado investigações sobre o ex-presidente no 8 de janeiro, ele também é alvo de suspeita de caixa 2 junto a seu ajudante de ordens, Mauro Cid, e de envolvimento com a minuta. Fora acusações por fake news, como a que associava a Covid à Aids, entre outras.

Agora, depois que Lula esteve em Roraima, a barra do ex-mandatário pesou mais. Ele terá de enfrentar acusações de genocídio, descumprimento de determinações judiciais e informações falsas, que só agravaram a crise dos Yanomami.

O escritor Lira Neto trouxe à tona, ainda, as iniciativas do jovem deputado Bolsonaro para anular a reserva Yanomami criada por Fernando Collor.

No início do mês, o PL, partido de Bolsonaro, o pressionava para antecipar sua volta dos EUA, para que assumisse o papel de líder da oposição ao governo Lula. Só que agora, ciente da calamitosa situação judicial vivida por ele, os aliados o estimulam a esticar sua estadia.

Já é dada como certa, ao menos, sua inelegibilidade. Quiçá sua prisão. Ao mesmo tempo, o prazo de validade para seu visto nos EUA se esgota nesta segunda-feira. E deputados democratas pressionam por sua extradição.

Bolsonaro cogita esticar a fuga na Itália, onde tenta obter sua cidadania. Só que por lá, mesmo no governo de direita, ele também não é bem-vindo. 

Já existem, inclusive, movimentações na Justiça para impedir que ele se torne cidadão italiano. O povo de lá também se organiza para barrar esse hipótese (foto).

Com menos de um mês sem foro privilegiado, Bolsonaro passou de atirador a alvo. Literalmente. Tem grandes chances de sepultar de vez sua malfadada carreira política.