Silêncio corporativo

 


Li o furo do Portal Metrópoles na noite da última sexta-feira. Já tinha um post pronto para o blog, porém, achei que era urgente trocá-lo. A notícia sobre a atuação do tenente-coronel Cid, da qual eu já havia falado, tomou proporções explosivas.

Tanto as investigações sobre o uso do cartão corporativo quanto a proximidade do militar com radicais, a exemplo das mensagens encontradas pela PF com o blogueiro Allan dos Santos, já estavam em andamento.

E já haviam sido citadas aqui.

O episódio narrado pelo portal era o desfecho de movimentos que localizaram uma situação crucial: uma das fontes de financiamento dos atos antidemocráticos, pelo suposto uso de recursos de militares operado por Cid para derrubar Lula.

Destinados dos acampamentos aos atentados e ao 8 de janeiro. Seria uma pista preciosa de algo ainda nebuloso.

Estranhei quando assisti ao "Em Pauta" naquela noite e não vi nenhuma menção às denúncias.

Estranhei mais ainda quando não vi nada sobre o escândalo bem mais sério do que os comentários ridículos dos acampados e presos nem no Globo de sábado, na Folha ou em qualquer outro veículo.

Me perguntei se teria me empolgado com aquelas informações que poderiam ainda estar restritas ao campo das especulações. Por que o silêncio?

Até que no domingo os principais veículos de comunicação não tiveram alternativa senão tratar do assunto.

Contudo, só porque a negativa do general Arruda, ex-comandante do exército, em demiti-lo do cargo com o qual Bolsonaro o presenteou, custou seu próprio pescoço.

Mesmo assim, com alguma economia, talvez para não darem o braço a torcer.

E até ontem não havia nenhuma informação sobre o afastamento de Cid pelo comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, que assumiu, alçado ao cargo por seu apreço com a legalidade.

Enquanto 80 militares eram demitidos nos últimos cinco dias.

A função de comando delegada ao tenente-coronel, do 1º Batalhão de Ações e Comandos, situado em Goiânia, portanto, vizinho a Brasília, equivale a uma espécie de Bope. Trata-se de uma unidade de elite.

O cargo seguinte de Cid seria, como o do pai, amigo do capetão, o de general. Quer dizer, um presente e tanto que precisava ser revertido o quanto antes.

Será que já foi?

  

Comentários

  1. Em democracias maduras, militares ficam longe da politica. No Brasil, que tenta, há décadas, deixar a pecha de republica de bananas, temos que suportar generais dando palpites onde não deviam.

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  2. Luiz Cezar Barata
    Mas a rachadinha palaciana segue fora da pauta da grande imprensa

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  3. Antonio Souto Coutinho
    A faxina deve ser rápida. Qualquer pessoa q1ue errar ou errou deve ser punida com os rigores da lei, porque se passar pano ela fica pensando que tem direito adquirido.

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  4. Iolanda De Farias Chaves
    Completamente equivocada a ação dos militares corruptos e a favor do Bolsonaro! As forças armadas esqueceram de atuar fazendo o papel de proteção ao Brasil aos brasileiros e respeitando a constituição! Foram coniventes, com criminosos destruindo os três poderes e o povo que valorizam a democracia ficaram desprotegidos e se perguntando que país é esse que mata os que lutam por direitos constitucional!

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    Respostas

    1. Celina Côrtes
      Autor
      Como lembra Pedro Dória no Meio, eles agem assim desde o Império (aliás, o derrubaram)

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  5. Iolanda De Farias Chaves
    Celina Côrtes É verdade! O Lula salientou em um dos seus discursos a respeito da forma errada que agem as forças armadas desde de muito tempo. E citou alguns países modelo que realmente as forças armadas fazem o seu papel! Acrescentou mais que essa mudança vai acontecer aqui no Brasil...acredito que o Lula realmente tem essa capacidade!

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  6. Judy Vieira
    Acho que não chegará a general porque seu mundo caiu! Rsssss

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